Ele sentiu-se mal aqui, é evidente. Sempre. Ele próprio o admitia, bastante dececionado por não ter conseguido fazer do cinema a sua profissão continuada e permanente. Daí que se lhe conheçam diversas atividades no propósito de ganhar a vida entre filmes, de comentador desportivo na televisão, a detentor de cargos de nomeação governamental, de crítico de cinema a jornalista. “O único erro que cometi na minha vida foi o de saber que não havia futuro aqui e, apesar de tudo, ter-me deixado levar. Porque se eu queria fazer cinema, não era aqui que o podia fazer. Tenho consciência disso desde os meus 18, 20 anos... Portugal não tem solução. Mas, depois, funcionei como se tivesse” - disse-me numa entrevista, em 2008.
Homem de polémicas e combates, teve sempre uma atividade militante de causas públicas, desde a organização do encontro de cineastas nas Caldas da Rainha, em 1975, a primeira iniciativa de gente do sector intelectual no combate ao gonçalvismo, à recente pugna pela manutenção da TAP na posse do Estado. Muito próximo do Partido Socialista, foi um dos arquitetos da campanha televisiva que levou Mário Soares à Presidência em 1986.
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