Nisto de “missões impossíveis” não há como o primeiro para o autor destas linhas, tal como tantas vezes preferem os melómanos a frescura do álbum de estreia de uma banda rock que se tornou hábito seguir ao longo dos anos. Foi em 1996 que o cinema pegou no legado da série de TV criada no anos 60 por Bruce Geller e fez dela a next big thing, coube então a Brian de Palma realizar a tarefa. Seguiram-se-lhe entretanto John Woo, J.J.Abrams, Brad Bird, depois a franquia estacionou em Christopher McQuarrie, que trazia pergaminhos de guionista (nos anos 90 do primeiro tomo, andava ele a escrever os sobressaltos de “Os Suspeitos do Costume”, de Bryan Singer), mas que não reste qualquer dúvida: “MI” é um caso em que os créditos da realização estão em segundo plano desde o primeiro instante, nenhuma daquelas assinaturas se sobrepôs nem equiparou ao mentor, produtor e intérprete de todos os “MI” até à data: Tom Cruise, evidentemente.
Cruise é um caso raro de obstinação no cinema contemporâneo. À custa da sua seriedade, construiu ele um império. Tendo já dobrado a casa dos sessenta, não dá sinais de abrandamento; pelo contrário, torna a testar-se, acelera mais (os números de Mach quebrados por Maverick no início do último “Top Gun” disseram menos da personagem que da persona que o interpretou)! No que aos filmes de ação diz respeito, não toca em esterqueiros bregas nem nas velocidades furiosas deste mundo. Não desce à televisão, não trabalha para o streaming. Gere tanto a imagem pública quanto a vida privada com um elegante sigilo. E se queremos ter notícias frescas dele, não há volta a dar, é ao cinema que temos de ir. Preferencialmente a um ecrã IMAX.
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