A Berlinale guardou um número invulgar de bons filmes para a segunda metade do concurso, com saliência para “Afire”, o novo do cineasta alemão. A estes se juntam “Tótem”, da mexicana Lila Avilés, e sobretudo “Limbo”, do australiano de origem aborígene Ivan Sen
No princípio, “Afire” parece um filme de horror, um daqueles em que os passageiros de um carro empanado ficam apeados em estrada de nenhures e se aventuram pela floresta para atalhar caminho que mais depressa os leve ao destino. Petzold trata uma vez mais os géneros cinematográficos com enorme subtileza. Os passageiros são Leon (Thomas Schubert) e Felix (Langston Uibel), este último tem uma casa de família numa praia no Báltico. O tempo é de veraneio, mas até no verão aquele norte da Alemanha é agreste e ventoso. O vento não ajuda em nada o combate aos incêndios que têm alastrado por ali. Felix quer divertir-se. Leon mostra o pior de si: é um resmungão que vai de férias com as provas de um romance para terminar. Este é o retrato de um artista enquanto... idiota, para citar parte de um título de Joyce que, por sua vez, é pelo filme citado. E não é pouco o pouco que este filme fará dele.
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