Humoristas Gilmário Vemba, Hugo Sousa e Murilo Couto impedidos de entrar em Moçambique
Hugo Sousa, Gilmário Vemba e Murilo Couto
O humorista angolano Gilmário Vemba anunciou este domingo a partir do aeroporto de Maputo o cancelamento de um espetáculo na capital moçambicana, juntamente com o português Hugo Sousa e o brasileiro Murilo Couto, por terem sido impedidos de entrar no país. O Serviço Nacional de Migração moçambicano afirma que os humoristas não podem entrar em Moçambique para realizar um espetáculo com vistos de turista
O humorista angolano Gilmário Vemba anunciou este domingo a partir do aeroporto de Maputo o cancelamento de um espetáculo na capital moçambicana, juntamente com o português Hugo Sousa e o brasileiro Murilo Couto, por terem sido impedidos de entrar no país.
"Infelizmente não vamos conseguir fazer o espetáculo", disse Gilmário Vemba, numa transmissão em direto na rede social Instagram, a partir do aeroporto, explicando que os três aguardavam desde as 14:00 locais (13:00 em Lisboa) pela entrada no país, a qual foi "impedida" pelas autoridades, desconhecendo os motivos e confirmando o cancelamento do espetáculo e reembolso dos bilhetes. O espetáculo, que contava com casa cheia, era do grupo "Tons de Comédia", do qual fazem parte os três humoristas.
"Encontram-se retidos no aeroporto de Maputo desde as 14:40 locais [13:40 de Lisboa], após aterrarem num voo proveniente de Luanda, onde estiveram em espetáculo na noite anterior", disse a mesma fonte, acrescentando que os três estão acompanhados do agente Pedro Gonçalves, da produtora Showtime. O espetáculo de domingo estava marcado para as 17:00 locais (16:00 em Lisboa) no Centro Cultural China Moçambique, em Maputo. A solo, Gilmário Vemba já tinha atuado em Moçambique no passado, sem registo de incidentes.
O diretor-geral do Serviço Nacional de Migração (Senami) moçambicano justificou esta segunda-feira a recusa de entrada no país a três humoristas, incluindo Gilmário Vemba, por estes terem tentado fazê-lo com visto de turismo, quando pretendiam realizar um espetáculo. “Vieram ao país mas não obedeceram aos critérios pelos quais eles vinham. Porque eles vinham para dar um espetáculo, um 'show'. É uma atividade cultural”, disse o diretor-geral, Zainedine Danane, questionado pela Lusa à margem do evento que assinalou os 50 anos do Senami, em Maputo.
Dinis Tivane, assessor do político e ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados das eleições gerais de 9 de outubro em Moçambique, afirmou no domingo, na sua conta na rede social Facebook, que Gilmário Vemba foi "impedido de entrar em Moçambique, por expor as suas opiniões".
A 8 de julho, Venâncio Mondlane e Gilmário Vemba partilharam publicamente um encontro, em Lisboa, exaltando "Anamalala", que em língua macua, falada no norte de Moçambique, significa "vai acabar" ou "acabou", expressão usada pelo político durante a campanha para as eleições gerais de 09 de outubro de 2024 e que se popularizou nos protestos por si convocados nos meses seguintes, ao não reconhecer os resultados da votação, acrónimo do partido que está a tentar legalizar: Aliança Nacional para um Moçambique Livre e Autónomo (Anamalala).
Moçambique viveu desde as eleições de outubro um clima de forte agitação social, com manifestações e paralisações convocadas por Mondlane, que rejeita os resultados eleitorais que deram vitória a Daniel Chapo, apoiado pela Frelimo, partido no poder. Segundo organizações não-governamentais que acompanham o processo eleitoral, cerca de 400 pessoas perderam a vida em resultado de confrontos com a polícia, conflitos que cessaram após um encontro entre Mondlane e Chapo, em 23 de março, repetido em 20 de maio, com vista à pacificação do país.
Atualizado a 22 de julho com a resposta do Serviço Nacional de Migração de Moçambique