Cultura

Polícia canadiano afirma que escritora Alice Munro acusou a filha de mentir sobre abusos sexuais cometidos pelo segundo marido

Polícia canadiano afirma que escritora Alice Munro acusou a filha de mentir sobre abusos sexuais cometidos pelo segundo marido
PETER MUHLY/Getty Images

Filha de Alice Munro denunciou que foi abusada sexualmente pelo padrasto na infância e que a mãe ficou com ele, mesmo depois de saber dos crimes cometidos pelo marido

Um polícia reformado envolvido na detenção, há 20 anos, do marido da Nobel da Literatura Alice Munro por abusar sexualmente da enteada, recordou ter ficado perturbado com a reação da escritora, que acusou a filha de mentir. Numa entrevista à Associated Press (AP), Sam Lazarevich disse que Munro ficou furiosa, defendeu o seu segundo marido e lembra-se de ter ficado "bastante surpreendido" com esta reação. "É a sua filha. Não vai defender a sua filha?", recordou ter-lhe perguntado.

Num ensaio publicado no domingo passado no jornal canadiano ‘Toronto Star’, a filha de Alice Munro denunciou que foi abusada sexualmente pelo padrasto na infância e que a mãe ficou com ele, mesmo depois de saber dos crimes cometidos pelo marido. A revelação do segredo há muito guardado foi feita por Andrea Robin Skinner, filha de Alice Munro, dois meses após a morte da escritora.

Segundo Andrea Robin Skinner, o padrasto, o geógrafo Gerald Fremlin, começou a abusar sexualmente dela a partir de 1976, quando ela tinha 9 anos e ele 52. Aos 80 anos, Fremlin declarou-se culpado da acusação de atentado ao pudor e recebeu uma pena suspensa. A notícia do ‘Toronto Star’ surpreendeu e entristeceu o mundo literário.

Em consequência, a Western University anunciou na sexta-feira que suspendeu o programa de cátedra que tem o nome de Alice Munro. "Neste momento, suspendemos (...) enquanto consideramos cuidadosamente o legado de Munro e os seus laços com a Western", lê-se numa breve declaração publicada na página da internet da instituição de ensino superior.

Alice Munro era uma fonte de orgulho para o seu país natal, o Canadá, onde está a ser feita uma análise ao legado da autora. "É óbvio que isto mancha o seu legado", considerou o detetive Lazarevich.

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