Cultura

Leilão da coleção de arte do falecido cofundador da Microsoft já é o maior de sempre

'La montagne Sainte-Victoire' de Paul Cezanne
'La montagne Sainte-Victoire' de Paul Cezanne
Anadolu Agency

Coleção inclui obras de Georges Seurat, Vincent van Gogh, Gustav Klimt, Paul Cézanne e Sandro Botticelli, entre outros. Pinturas vendidas no primeiro de dois dias de leilão superaram 1,5 mil milhões de dólares, com os lucros a reverter para associações de caridade

A venda da coleção de arte do falecido cofundador da Microsoft Paul Allen fixou esta quarta-feira um novo recorde, mais de 1,5 mil milhões de dólares (1,49 milhões em euros).

A casa de leilões responsável, a Christie's, estimava que a totalidade da coleção deveria ser vendida por mil milhões. No entanto, esse valor foi ultrapassado antes do final do primeiro de dois dias do leilão que está a decorrer em Nova Iorque.

Com os compradores a apresentar rapidamente propostas que superavam o valor estimado de praticamente todas as primeiras 60 obras, a venda da coleção de Allen já ultrapassou em muito o atual recorde de maior leilão de apenas um vendedor. Esta primavera, a coleção particular do casal norte-americano Harry e Linda Macklowe tinha sido vendida por 922 milhões de dólares (919 milhões de euros), ao longo de vários leilões na Sotheby's.

Entre a coleção de Allen, que abrange cerca de 500 anos de história da arte, as obras mais cobiçadas foram as dos grandes mestres impressionistas. "Les Poseuses, Ensemble", criada por Georges Seurat, em 1888, foi vendida por 149,2 milhões de dólares (148,6 milhões de euros), cinco vezes o preço máximo alcançado pelo artista.

'Madonna of the Magnificat' de Sandro Botticelli
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A marca de 100 milhões de dólares (99,7 milhões de euros) também foi superada por "La Montaigne Sainte-Victoire", de Cézanne, "Verger avec cyprès", de Van Gogh, "Maternité II", de Gauguin, e "Birch Forest", de Klimt, com novos recordes para os pintores.

O lote integrava mais de 150 obras, incluindo "Small False Start", do pintor norte-americano Jasper Johns, vendida por 55 milhões de dólares (54,8 milhões de euros) e peças de Monet, Manet, Hockney, Richter e Brueghel, o Jovem.

Todos os lucros da venda serão doados a instituições de caridade.

'Le spectre de Vermeer de Delft' de Salvador Dali
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Paul Allen desenvolveu com Bill Gates o sistema operacional para computadores pessoais que faria o sucesso da Microsoft, fundada em 1975. Allen, que morreu na sequência de um cancro, em 2018, aos 65 anos, deixou a empresa em 1983, devido a tensões com Bill Gates, que permaneceu no comando até 2000.

Apesar do desentendimento, Allen assinou o compromisso lançado por Gates em 2009, comprometendo-se a doar a maior parte da fortuna.

Esta coleção foi reunida ao longo de décadas até ao ano da sua morte. Ainda em vida, o empresário chegou inclusivamente a emprestar obras a museus. Segundo disse a irmã, Jody Allen, num comunicado emitido antes do leilão, “a sua coleção reflete a diversidade dos seus interesses, com a sua própria mística e beleza”.

Com esta venda, o ano de 2022 pode tornar-se num dos mais significativos da história do mercado de arte, depois da venda da coleção Macklowe e do retrato de Marilyn Monroe "Shot Sage Blue Marilyn", de Andy Warhol, vendido, em maio, por 195 milhões de dólares (194 milhões de euros), um novo recorde para uma obra do século XX.

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