
Ode ao jornalismo, “Crónicas de França do Liberty, Kansas, Evening Star” é um filme complicado. O novo de Wes Anderson vai abrir o festival Leffest, na quarta-feira, chegando às salas em seguida
Ode ao jornalismo, “Crónicas de França do Liberty, Kansas, Evening Star” é um filme complicado. O novo de Wes Anderson vai abrir o festival Leffest, na quarta-feira, chegando às salas em seguida
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Pode parecer estranho começar por aqui, mas quando um cineasta, sobretudo um com a reputação de Wes Anderson, cancela todas as entrevistas que tem marcadas e deixa a meio o maior festival de cinema do mundo logo no dia em que as primeiras críticas ‘menos boas’ começam a ser publicadas (assim aconteceu em Cannes no último mês de julho), até o mais crente desconfia de que algo não vai bem neste reino.
É certo que demos a Wes o benefício da dúvida e que a pandemia foi razão mais do que legítima, podendo também ser desculpa. Léa Seydoux, por exemplo, uma das 40 estrelas (e não estamos a exagerar no número) deste “French Dispatch”, teve de anular a sua descida à Croisette por causa de um teste positivo — e Cannes tinha selecionado quatro filmes com ela. Por outro lado, o ‘sumiço’ de Wes Anderson acabou por não causar surpresa. É que “Crónicas de França do Liberty, Kansas, Evening Star” (o distribuidor português traduziu e guardou o seu título original completo), goste-se mais, menos ou nada dele, compraz-se a falar para os seus próprios botões, como se o espectador nem estivesse no lado oposto do ecrã. É um filme abstrato, um labirinto de sketches maníacos, um filme cansado — e não vem outro adjetivo à cabeça mais justo para defini-lo. Para onde foi a vivacidade de outros tempos?
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