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Óscares 2021. “Uma Miúda Com Potencial” também terá potencial para vencer o Melhor Filme?

Óscares 2021. “Uma Miúda Com Potencial” também terá potencial para vencer o Melhor Filme?

Assinado pela inglesa Emerald Fennell, que oferece uma interpretação notável a Carey Mulligan, “Uma Miúda Com Potencial” é o mais indie dos filmes nomeados pela Academia deste ano. Corre por cinco prémios, incluindo o de Melhor Filme

A primeira vez que a vemos é no bar daquele clube em que três tipos, fato e gravata e já bem entornados noite fora, reparam numa mulher sozinha. Ela bebeu demasiado, está esborratada, abandonada, sucumbida, quase a cair no solo. Um deles aproxima-se dela, oferece-se educadamente para a levar a casa, ela não sabe do telemóvel. A sordidez do episódio começa assim, disfarçada de gentil cortesia. Depois ele mete-a num táxi, convence-a a subir ao seu apartamento que fica a meio caminho da viagem, atira-a para a cama, ela só balbucia. Tentado pela oportunidade do one night stand, o tipo começa então a forçar um ato sexual que jamais foi consentido, nem sequer insinuado, pela outra pessoa.

Acontece que Cassandra (Carey Mulligan), Cassie para os amigos, tem os seus complexos (o nome da personagem não é inocente) e não é quem diz ser nem está como aparenta estar. E vira-se então para o seu agressor com um “What are you doing?” que o deixa gelado. Um trauma grave que “Uma Miúda com Potencial” vai desvendar a conta-gotas levou-a àquilo, a fingir-se de bêbada nos bares da Califórnia, vingando-se em seguida, sem dó nem piedade, por vezes até com laivos de sadismo, de quem se quer aproveitar dela. Não é nada que o cinema não tenha mostrado mil vezes, toda a gente sabe que isto é assunto que vem do film noir: o predador a tornar-se presa, a vítima a revelar-se femme fatale.

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