Cultura

Morreu o escritor de livros de espionagem John Le Carré

Morreu o escritor de livros de espionagem John Le Carré
ANTONIN KRATOCHVIL/VII/CORBIS

O autor britânico de livros de espionagem John Le Carré morreu vítima de pneumonia, anunciou este domingo a sua família. O escritor tinha 89 anos

John le Carré, o autor britânico que escreveu romances inesquecíveis de espionagem - muitos adaptados ao cinema -, morreu este fim-de-semana, aos 89 anos, avançam jornais como The Guardian.

A família do escritor informou este domingo que John Le Carré morreu na noite de sábado, vítima de pneumonia, no Royal Cornwall Hospital.

O autor, cujo nome real era David Cornwell, nasceu em 1931 em Poole, Inglaterra, tendo estudado em Berna, na Suíça, e também na Universidade de Oxford, em Inglaterra.

Trabalhou durante vários anos nos serviços secretos britânicos e publicou em 1961 o seu primeiro livro, "Chamada para a Morte", a que se seguiram as obras "Um Crime Quase Perfeito" e "O Espião que Saiu do Frio".

Ao longo da sua vida escreveu mais de duas dezenas de romances, vários dos quais seriam adaptados ao cinema, como "O Alfaiate do Panamá", "O Fiel Jardineiro", "A Casa da Rússia" e "A Toupeira".

Desencanto e falta de esperança

Numa entrevista ao Expresso, publicada na revista E, em 2016, o escritor assumia o seu desencanto com o mundo e com a continuação do poder das elites.

"Não consigo encontrar a esperança neste momento. Continuo à procura dela para perceber onde é que os meus filhos e os meus netos irão viver. A grande desvantagem de ser velho é perceber que pouco ou nada muda", declarava John Le Carré.

"Em 1956, 30 pessoas do meu departamento tinham estudado no Eton College. Não poderia imaginar que 60 anos depois iríamos continuar a ser governados por rapazes brancos e chiques de Eton. Para mim, é um mistério que seja assim, porque tivemos vários governos com um rosto aparentemente socialista e oportunidades de nos libertar de imensas coisas... Não aproveitámos. Podemos mudar de classe social por dinheiro ou casamento, mas continuamos a ter classes muito definidas", dizia ainda o escritor.

Em outubro do ano passado, aos 88 anos, o autor participou nas manifestações contra o Brexit. E numa das entrevistas que então deu não deixou de assumir a sua oposição à saída da União Europeia.

"O Brexit é a maior idiotice já perpetrada pelo Reino Unido", afirmou em entrevista ao "El País".

"Somos uma nação que sempre esteve integrada no coração da Europa. Podemos ter tido conflitos, mas somos europeus. A ideia de que podemos substituir o acesso ao maior tratado comercial do mundo pelo acesso ao mercado norte-americano é aterradora", declarou ainda nessa entrevista. Morreu dois dias antes de supostamente o Brexit se tornar uma realidade.

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