Morreu o pintor português de ascendência grega Nikias Skapinakis
O pintor português que vivia em Lisboa, é autor de um dos painéis do café "A Brasileira", no Chiado, em Lisboa, e foi prisioneiro político durante o salazarismo. Faleceu aos 89 anos
O pintor português que vivia em Lisboa, é autor de um dos painéis do café "A Brasileira", no Chiado, em Lisboa, e foi prisioneiro político durante o salazarismo. Faleceu aos 89 anos
O pintor e artista plástico português de ascendência grega, Nikias Skapinakis, faleceu esta quarta-feira, aos 89 anos. Nikias Skapinakis vivia em Lisboa, é autor de um dos painéis do café 'A Brasileira', no Chiado, em Lisboa, e em 2019 o seu nome foi incluído no painel do Metropolitano de Lisboa referente aos presos políticos do salazarismo.
Skapinakis frequentou o curso de arquitetura, que viria a abandonar para se dedicar à pintura. Começou por expor em 1948, nas Exposições Gerais de Artes Plásticas, e desde então realizou diversas exposições individuais, além de participar em exposições coletivas, em Portugal e no exterior.
A sua atividade dominante era a pintura a óleo, mas também se dedicou à litografia, à serigrafia e à ilustração de livros. Nikias Skapinakis foi o artista que ilustrou "Quando os Lobos Uivam", de Aquilino Ribeiro, e "Andamento Holandês", de Vitorino Nemésio, entre outras obras.
Skapinakis também participou na execução do painel comemorativo do dia 10 de junho de 1974, e executou litografias para o Congresso de Psicanálise de Línguas Românicas (em 1968), para o cinquentenário do Banco Português do Atlântico (1969) ou para a Galeria Kompass (1973).
O artista obteve em 1963 a Bolsa Malhoa da Sociedade Nacional de Belas Artes, e em 1976 foi-lhe atribuído um subsídio pela Fundação Calouste Gulbenkian. Foi o ano em que também recebeu o grau de Comendador da Ordem do Rio Grande do Sul, do Brasil, a que se somou o de Comendador da Ordem da Fénix, da Grécia, em 1981.
Em 1985, o Centro de Arte Moderna da Fundação Gulbenkian exibiu uma exposição antológica da pintura Nikias Skapinakis, completada com uma retrospectiva da sua obra gráfica e guaches na Sociedade Nacional de Belas Artes.
O pintor português de ascendência grega foi distinguido em 1990 com o prémio Aica/Sec, da Associação Internacional de Críticos de Arte e a Secretaria de Estado da Cultura.
Uma antologia de desenhos de Skapinakis foi exposta no Palácio das Galveias em 1993, e três anos depois o Museu do Chiado organizou a exposição "Para o Estudo da Melancolia em Portugal, Retrospectiva de Retratos, 1955-1974". O artista teve ainda uma exposição antológica em 2000 no Museu de Arte Contemporânea da Fundação de Serralves, intitulada "Prospectiva 1966-2000".
Nikias Skapinakis recebeu em 2005 o Grande Prémio Amadeo de Souza-Cardoso da câmara de Amarante e realizou um painel em cerâmica para o Metropolitando de Lisboa.
O artista apresentou a série de pinturas "Quartos Imaginários" (baseada em quartos de dormir e ateliês de pintores e poetas) em 2006 na Fundação Árpád Szenes-Vieira da Silva e foi-lhe atribuído o Prémio de Arte do Casino da Póvoa.
Em 2007, foi realizado para a televisão, "Nikias Skapinakis: O Teatro dos Outros", um documentário realizado por Jorge Silva Melo, sobre a sua obra.
Em 2009, o artista expôs no Centro Cultural de Cascais "Desenho a preto e branco e a cores", abrangendo a sua obra gráfica entre 1958 e 2009. Realizou também a pintura "Paisagem-Bandeira Portuguesa" alusiva à Bandeira Nacional e integrada nas Comemorações do Centenário da República.
Em 2012, o Museu Berardo apresentou a sua exposição antológica "Presente e Passado, 2012-1950" e em 2013 foi-lhe atribuído pela Sociedade Portuguesa de Autores o Prémio de Artes Visuais.
Em 2014, o pintor apresentou na Casa Fernando Pessoa a série de guaches “Lago de Cobre” e a série de desenhos “Estudos de Intenção Transcendente”. Ilustrou a Revista “Colóquio Letras” dedicada a Almada Negreiros. Em 2017, apresentou na Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva a série “Paisagens Ocultas-Apologia da Pintura Pura”, e em 2018 a Fundação Carmona e Costa apresentou uma antologia de gouaches entre 1950 e aquele ano.
Nikias Skapinakis também se notabilizou por publicar textos de intervenção crítica em jornais e revistas, e em 2019 o seu nome foi incluído no painel do Metropolitano de Lisboa, alusivo aos presos políticos durante o salazarismo.
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