Cultura

Arquiteto italiano anuncia “nova era” pós-pandemia: no campo, mais ecológica e sem combustíveis fósseis

6 maio 2020 10:50

O arquiteto e urbanista italiano Stefano Boeri está a pensar no novo mundo pós-pandemia e tem uma certeza: não poderá ser em cidades sobrepovoadas

6 maio 2020 10:50

Stefano Boeri, presidente da Trienal de Milão conhecido pelas "florestas tropicais", está agora focado num mundo pós-pandemia. Numa conversa com jornalistas através do Facebook, o arquiteto e urbanista italiano anunciou que estamos prestes a entrar numa " nova era", mais ecológica e sem energias fósseis vai surgir depois da pandemia da covid-19.

"A normalidade é uma das causas deste desastre", pelo que "chegou o momento de tomar decisões corajosas e pragmáticas", insistiu o urbanista, conhecido pelos projetos inovadores de arranha-céus cobertos de vegetação.

Com um grupo de sociólogos, antropólogos, urbanistas e artistas, o arquiteto está a estudar as modalidades de instauração do "muro biológico" entre as pessoas imposto pelo novo coronavírus, bem como a introdução de um novo modo de vida.

"Caso contrário, as cidades vão transformar-se em bombas de contaminação", afirmou Stefano Boeri, professor na escola politécnica de Milão, capital da Lombardia, a região italiana mais atingida pela covid-19. A Itália registou mais de 29 mil mortos e mais de 213 mil infetados.

O regresso às aldeias está a ser apontado como solução para evitar a propagação de vírus na população

O regresso às aldeias está a ser apontado como solução para evitar a propagação de vírus na população

Numa altura em que se assiste na Europa a uma primeira redução das medidas de confinamento, Boeri defendeu o regresso às aldeias italianas. "A Itália conta 5.800 aldeias com menos de cinco mil habitantes, incluindo 2.300 quase abandonadas. Se as 14 metrópoles do país 'adotarem' estes pequenos centros históricos desabitados, dando-lhe vantagens fiscais, meios de transporte, etc... isso seria uma porta de saída. Isto é o futuro", afirmou nas colunas do diário italiano La Repubblica.

Esta proposta parece responder aos problemas colocados pela atual situação, com a pandemia a obrigar a população a respeitar uma distância de pelo menos um metro entre indivíduos, o que é difícil nas cidades sobrepovoadas, nomeadamente nos transportes públicos e em escritórios de tamanho reduzido.

"Compreendemos que podemos fazer teletrabalho e que passaremos mais tempo em casa. É preciso controlar esta evolução. O campo facilita isso, porque é preciso libertar espaço nas zonas urbanas", explicou. De acordo com os sociólogos, muitas pessoas querem sair das grandes cidades por causa do vírus, e passar mais tempo no campo.

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Boeri, que transformou prédios em florestas e concebeu uma cidade-floresta na China, com casas, escolas e escritórios cobertos por um milhão de plantas em 140 hectares, está convencido de que Roma é ideal para receber este projeto, por ter "monumentos únicos, muitos espaços verdes e uma série de aldeias nos arredores".

A ideia de Boeri coincide com o tema da próxima Bienal de arquitetura de Veneza, que adiou a abertura, prevista este mês, para final de agosto: "Como viveremos em conjunto?".