Cultura

Última residência dos czares reabre as portas no verão

Palácio de Alexandre, na Rússia
Palácio de Alexandre, na Rússia
Wikimedia Commons

O Palácio de Alexandre, localizado a menos de 50 quilómetros de São Petersburgo (Rússia), vai reabrir as portas este verão depois de concluída a primeira etapa de um profundo programa de remodelação que vai devolver àquele lugar o aspeto que teria quando a família imperial ali residia por alturas da revolução em 1917

Mandado construir por Catarina II para o seu neto Alexandre (o futuro Alexandre I) e sobretudo recordado por ter representado a residência de Nicolau II, o último czar russo, o Palácio de Alexandre vai reabrir as portas este verão depois de concluída a primeira etapa de um extenso e profundo programa de remodelação e recuperação que vai devolver àquele lugar o aspeto que teria quando a família imperial ali residia por alturas da revolução em 1917.

O palácio situa-se na pequena cidade de Tsarskoye Selo, a menos de 50 quilómetros de São Petersburgo. Foi construído entre 1792 e 1796, muito perto do Palácio de Catarina, uma residência opulenta, em estilo rococó, que servia de retiro da czarina quando fazia temporadas fora do Palácio de Inverno, em São Petersburgo. Em estilo neoclássico, o Palácio de Alexandre foi a residência do neto da czarina até este subir ao trono, tendo então sido atribuído ao seu irmão (o futuro Nicolau I). E com o tempo foi ganhando estatuto como residência de verão da família imperial. Nicolau II nasceu ali mesmo, em 1868. Mas depois dos acontecimentos sangrentos de janeiro 1905 — quando soldados dispararam sobre populares que marchavam sobre o Palácio de Inverno para apresentar uma petição ao czar —, Nicolau II optou por fazer do Palácio de Alexandre a sua residência permanente e ordenou trabalhos de decoração e obras de melhoramento, desde a eletrificação do edifício à instalação de um elevador hidráulico para ligar os aposentos da imperatriz aos dos filhos.

Nicolau II estava ali quando a revolução eclodiu em março de 1917 e o governo provisório de Kerensky manteve-o neste palácio, sob guarda, até ao momento em que resolveu transferir a família imperial para a Sibéria. Uma das mais célebres fotografias de Nicolau II em cativeiro mostra-o, nos jardins de Tsarskoye Selo, com o uniforme militar correspondente à patente de coronel, revelando por perto os soldados que o guardavam.

Depois da partida da família imperial o espaço foi consignado a um museu e o recheio retirado. Durante a II Guerra Mundial o palácio acolheu um quartel alemão e sofreu danos (menos graves do que os que vitimaram o vizinho Palácio de Catarina). Depois da guerra as salas foram recuperadas (embora sem a decoração original), mas o edifício acabou entregue à marinha. Da sua memória histórica sobrevivera apenas o escritório do czar e uma sala de baile... Em finais dos anos 90 o edifício surgiu na lista sob vigilância da ONG World Monuments Fund. E em 1997 foi ali apresentada uma exposição sobre Nicolau II que usava as salas ainda intactas, recuperava alguns espaços e, sobretudo, objetos e roupas da família imperial. Esse passo encetou uma nova etapa na vida do palácio que, depois de 2010, começou a acolher campanhas de restauro de algumas divisões, entre as quais a célebre sala semicircular.

Em 2015, contudo, as portas fecharam ao público para permitir uma intervenção mais profunda que agora vai revelar primeiros resultados. No início do verão um primeiro conjunto de salas restauradas — entre as quais os aposentos do czar e czarina — vão inaugurar uma nova etapa na vida do Palácio de Alexandre.

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