• Expresso
  • Tribuna
  • Blitz
  • Boa Cama Boa Mesa
  • Emprego
  • Expressinho
  • O Mirante
  • Exclusivos
  • Semanário
  • Jogos
  • Subscrever newsletters
  • Últimas
  • Economia
  • Revista
  • Tribuna
  • Blitz
  • Opinião
  • Podcasts
  • Jogos
  • Newsletters
  • Geração E
  • Expressinho
  • Webstories
  • Política
  • Sociedade
  • Internacional
  • Cultura
  • Multimédia
  • Sustentabilidade
  • Tribuna
  • Boa Cama Boa Mesa
  • Inimigo Público
  • Prémios do Imobiliário
  • Expresso SER
  • Longevidade
  • Expresso BPI Golf Cup
  • Expresso Emprego
  • Facebook
  • Twitter
  • Instagram
  • LinkedIn
  • Tik Tok
  • RSS
ExpressoExpresso
  • Exclusivos
  • Semanário
ExpressoExpresso
  • Últimas
  • Economia
  • Revista
  • Tribuna
  • Blitz
  • Opinião
  • Podcasts
  • Jogos
  • Newsletters
Por
  • Soluções de energia verde

    Soluções de energia verde

  • Saiba Mais

Cultura

“Joker”: A génese de um arquivilão

“Joker”: A génese de um arquivilão

Um originalíssimo filme na galáxia dos super-heróis, “Joker” é também um desassombrado depoimento social e político. Nomeado para 11 Óscares

“Joker”: A génese de um arquivilão

Jorge Leitão Ramos

Crítico de Cinema

No universo da banda desenhada não há personagens mais congenitamente ligados do que Batman e Joker. Concebidos desde a origem, Joker foi o primeiro vilão com quem o justiceiro da máscara de morcego se teve de defrontar. Não era para durar muito, mas acabou por se tornar o exemplar arqui-inimigo de Batman, com o seu rosto deformado em forma de perpétuo esgar, o rosto branco cruzado pelo ricto vermelho da boca rasgada, os cabelos esverdeados - uma espécie de palhaço medonho.

O riso é de ameaça, e os gadgets de raiz carnavalesca (como a flor que esguicha, na lapela) têm sempre variantes de horror (a flor esguicha ácido). Há um lado demencial na criatura que faz dela um ser solitário, um impossível aliado, o supremo narcisista.

Cultura

“1917”: O espetáculo da guerra

Leia também

As origens para a deformação física do Joker foram tendo diversas variantes na longa caminhada do personagem pela banda desenhada da DC Comics - a mais comum é a queda num tanque de produtos químicos corrosivos que lhe marcaram o rosto e tintaram para sempre de verde os cabelos. Mas o princípio dos princípios nunca foi cabalmente definido nem pelos seus criadores nem pelos autores que foram tomando conta do personagem. É nesse vazio, nessa ausência, que Todd Phillips mergulha no filme que ganhou o Leão de Ouro no recente Festival de Veneza e vai estrear-se esta semana em Lisboa - e em todo o mundo.

É um gesto arrojado, que tinha bastas condições para correr mal mas que acabou por nos trazer um originalíssimo filme na galáxia dos super-heróis - onde nenhum herói se vislumbra...

Em "Joker" vamos encontrar Arthur Fleck, um homem jovem fortemente medicado, que sofre de uma perturbação mental que lhe torna o riso imperioso e que, por isso, anda com um cartãozinho que estende às pessoas onde explica a sua condição para que ninguém se ofenda. Vive com a mãe doente e dependente, que vai tratando com o carinho que sabe. Tem um lema na vida, tentar fazer os outros felizes, e o sonho de se tornar comediante.

Cultura

“Mulherzinhas”: Brincar aos clássicos

Leia também

Diligente, transporta consigo um caderno onde toma notas para ideias de piadas. De dia trabalha como palhaço temporário, seja em festas para miúdos seja andando pela rua com um cartaz, veículo risível de publicidade reles; à noite vai tentando a sua sorte em lugares infetos onde pratica como pode as artes da stand up comedy. Mas não tem sorte nenhuma, não tem graça nenhuma, ninguém se ri. Quando Arthur é agredido, despedido, perseguido, vexado, quando o Governo corta fundos e ele deixa de ter acesso aos medicamentos de que necessita para se manter minimamente equilibrado, quando a mãe o convence de que é filho de um multimilionário que nem quer saber que ele existe, quando percebe que está no lado descartável da espécie humana, Arthur passa para o outro lado. E descobre que matar tipos ricos e abusadores que julgam que nunca nada lhes vai acontecer tem qualquer coisa de justo, pode ser agradável e dá imensa popularidade. O pobre diabo pode tornar-se uma vedeta não por fazer rir os outros mas por fazer acordar, nas desprovidas massas, os mais abomináveis instintos.

A mestria do filme é fazer-nos seguir Arthur, apiedarmo-nos dele, fazendo nossa a sua desdita e, em certa medida, torcer pela sua justiça (pois não fomos 'educados' pelo cinema americano, com Dirty Harry em primeiro plano, a acreditar na punição pelas próprias mãos?) - e, depois, ir forçando a nota, ir carregando no negrume, no desvairo, até que o desatino se torna terrorismo, até que a revolta se torna motim populista e o caos se torna medonho, também para nós que, decerto, só o vemos no conforto da distância. Todavia, em verdade vos digo, as emoções que o filme levanta conseguem plantar-nos no coração da desordem. E do medo.

O caminho entre a crónica social e o inferno é percorrido à sombra da memória de algum cinema de Martin Scorsese. Antes de tudo, de "Taxi Driver"; a rota da emergência de um fascista na vontade de limpar as ruas de Nova Iorque do lixo humano que por lá se espraia é, de algum modo, símile à de Arthur Fleck, a quem, aliás, o realizador faz repetir o gesto de dar um tiro na própria cabeça, evocativo do que De Niro fazia no filme de 1976. Mas também de "O Rei da Comédia", com o patético Rupert Pupkin a ser capaz de tudo para chegar à televisão e vingar na carreira que queria para si. Não pode ser por acaso que Todd Phillips coloque Robert De Niro (que fazia de Pupkin em 1982) na vedeta de televisão que recebe Fleck e o humilha no seu talk-show. O atroz cretino de "O Rei da Comédia" chegou onde queria e está perfeito para o mundo da televisão onde vale tudo por uma boa audiência, mesmo espezinhar um desgraçado em direto. Sim, no fim de "Joker" está formada uma criatura capaz de praticar o mal sem retenção, mas antes disso há uma sociedade que pratica o mal todos os dias e onde os mais fracos não têm saída. Talvez dos simples seja o reino dos céus, mas não é, decerto, Gotham City.

Como criatura desarmada na tragédia da vida, Joaquin Phoenix é intérprete insuperável. Tocado pela nervosidade vizinha da demência, o seu Arthur Fleck tem a fragilidade que consegue que o espectador lhe estenda a mão, mas mantém a aspereza de uma diferença radical que parece poder tornar-se ameaçadora a qualquer momento e impede que o espectador seja seu irmão - e, nunca por nunca, nele se projete. Quando os demónios se apoderam da sua alma, Phoenix torna-se marionético, os seus movimentos menos humanos, o riso casquina-se, operando uma vaga aproximação, de algum modo, à postura que Jack Nicholson definiu no "Batman" de Tim Burton, em 1989, sem, no entanto, dela se apoderar. É curioso, aliás, comparar as várias interpretações do Joker na idade moderna dos filmes.

No filme de Burton, que fundou a primeira nobre adaptação de Batman ao cinema, o Joker é mais um boneco do que um ser humano.Deve muito aos traços da BD, com o chapéu, o casaco roxo vivo, a máscara muito desenhada, os movimentos apalhaçados. É mau, mas é mau dentro de um território convencionado, o melhor dos mundos de Tim Burton, de resto, nunca se confunde com a realidade, é sempre qualquer coisa estilizada, gráfica, conceptual, é sempre uma representação - esse é o seu mérito, a sua singularidade.

O LEGADO DE LEDGER

Pelo seu lado, o Joker de Heath Ledger (em "O Cavaleiro das Trevas", de Christopher Nolan, 2008) está para lá do que é humano, é um ser maléfico, um vampiro, um golem, uma assombração (de que, também, o Batman, nesse filme interpretado por Christian Bale, se aproxima, na rapidez com que aparece e se evapora, na voz cava, na quase sobre-humana resistência física).

Ledger dá ao personagem uma proporção satânica, sentimo-lo capaz de qualquer perversão, de qualquer ato, de violências com qualquer dimensão (quando, no clou do filme, ele faz explodir o hospital central de Gotham, reduzindo-o a escombros, o espectador nem se pergunta como lhe foi possível obter a logística necessária para tão desmesurado cometimento). O trabalho de Phoenix ocupa outro terreno, o do realismo. O seu Joker não habita uma cidade fantástica nem faz coisas de fantasia, é um ser humano onde a vida vai amalgamando rancores e ferocidades. Quando vemos Nicholson ou Ledger, nunca pensamos que nos poderíamos cruzar com eles nas urgências de um hospital ou nos corredores de um centro comercial. Mas, quando vemos Phoenix, aceitamos que ele poderia ir connosco no autocarro, que era provável encontrá-lo no metro. A sua interpretação toca-nos mais do que a genial performance reptilínea de Ledger (que lhe valeu, aliás, um Óscar póstumo). E o filme supera o estatuto de parábola, torna-se um depoimento social e político. Algures, numa cidade negra e suja, há uma sociedade brutal onde o individualismo e o poder do dinheiro criam as bases para todas as ignomínias. Neste filme de Todd Phillips, a violência que mata os pais de Bruce Wayne (o gesto fundacional de Batman) é a mesma que cria o Joker. Eles são irmãos de sangue.

Relacionados
  • “O Irlandês”: Um épico melancólico de um cão danado

  • “Le Mans ‘66: O Duelo”: na pista do sonho americano

  • “Jojo Rabbit”: Aqui, Hitler é um amigo imaginário

  • “Mulherzinhas”: Brincar aos clássicos

  • “Marriage Story”: História de quem

  • “1917”: O espetáculo da guerra

  • “Era uma vez em... Hollywood”: Com Tarantino, o lança-chamas

  • “Parasitas”: O discreto asco da burguesia (e o sucesso coreano)

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate

Cultura

  • Cultura

    Manuel Ferreira da Silva eleito presidente da Fundação de Serralves

    André Manuel Correia

  • Televisão

    Atriz Hannah Einbinder utiliza discurso nos Emmys para defender paz na Palestina e imigrantes nos EUA: “Que se lixe o ICE”

    Expresso

    Agência Lusa

  • Televisão

    Galeria de vencedores: quem ganhou os Emmmys 2025 e as comemorações de estatueta na mão

    Expresso

  • Cultura

    “Adolescência”, “The Pitt”, “The Studio” e todas as outras: onde ver as séries que venceram os Emmys 2025

    Expresso

+ Exclusivos
+ Artigos
  • Crise climática

    Eventos extremos afetam a economia, o ambiente e o futuro da Europa — perdas já superam €40 mil milhões, segundo estudo

    Carla Tomás

  • Saúde

    Ministra da Saúde chama administradores dos três hospitais da Margem Sul do Tejo para tentar resolver crise na obstetrícia

    Rita Ferreira

  • Energia

    Criada a partir do grupo EDP, a Effizency recorre à IA para vender painéis solares e baterias e ganha agora mais acionistas

    Bárbara Silva

  • Autárquicas 2025

    Primeiro debate de candidatos a Lisboa: Moedas quer mostrar obra, Leitão contesta números e entrada do PCP e Chega complica estratégia

    Rita Dinis

+ Vistas
  • Isto É Gozar Com Quem Trabalha

    “Agora Ventura já sabe três palavras em alemão começadas por h: hamburger e aquelas outras duas que só diz quando ninguém está a ver”

  • EUA

    Viúva de Charlie Kirk deixa aviso sobre a morte do marido: "Não fazem ideia do que acabaram de desencadear"

  • Guerra na Ucrânia

    Trump diz que guerra na Ucrânia terminaria "se países da NATO parassem de comprar petróleo russo" (mas quem compra são os seus aliados)

  • Abusos

    Caso António Capelo: antiga aluna recorda o que viveu na escola, do momento "uau" ao que diz ser "o pesadelo" do assédio

  • Política

    Ventura na reunião da direita radical europeia: "Não nos metem medo", "Temos de entregar Pedro Sanchéz à cadeia"

  • Trabalho

    “Se achas que não é mau para os trabalhadores, olha para a cara de satisfação dos patrões”: esquerda afina argumentos contra reforma laboral

  • Blitz

    Marco Rodrigues: “Armei-me em atrevido e disse ao Carlos do Carmo: ‘Sempre ouviu o meu disco?’ Ele: ‘Sim, Marco, mas o que lhe direi não é o que quer ouvir’”

  • Alta Definição

    Inês Aires Pereira: “Ganhei um amigo que não tinha, chama-se ansiedade. Diz que vai tudo acabar, principalmente quando olho para o meu pai”

+ Vistas
  • Alta Definição

    “Achava que não tinha o direito de ter uma depressão, pensei: ‘Tu tens tudo, um homem, dois filhos, casa, saúde’. Pedi que me internassem”

  • Casos de Polícia

    Beatriz foi morta com um bastão por colega que não aceitou um "não": homicida chegou a participar nas buscas

  • País

    No Japão, Montenegro promete acelerar o TGV, mas em Portugal está há quase 4 meses sem permitir que concurso avance

  • The Heart & Hustle of Portugal

    Ricardo Araújo Pereira: “Um dos meus melhores momentos foi fazer uma filha cuspir água e a outra fazer xixi enquanto se riam sem parar”

  • Acidente no Elevador da Glória

    Mudança do cabo no Elevador da Glória: Moedas atribui responsabilidade a ex-administração da Carris

  • Economia

    Testamento de Giorgio Armani rompe com tradição e aponta novo caminho para a marca de luxo

  • País

    No Japão, Montenegro promete acelerar o TGV, mas em Portugal está há quase 4 meses sem permitir que concurso avance

  • Saúde e Bem-estar

    Investigadores portugueses desenvolvem terapia promissora contra tumores sólidos agressivos

ExpressoExpresso
  • Subscrever
  • Exclusivos
  • Newsletters
  • Semanário
  • Estatuto editorial
  • Código de Conduta
  • Ficha Técnica do Expresso
  • Política de cookies
  • Política de privacidade
  • Termos de utilização
  • Contactos
  • Publicidade
  • Ficha técnica da Blitz
  • Estatuto editorial Blitz
  • Blitz 40 anos - Aviso Privacidade
  • Configurações de privacidade
Siga-nos
  • Facebook
  • Twitter
  • Instagram
  • LinkedIn
  • Tik Tok
  • RSS