Cultura

Líderes para a nova década: A máquina do senhor Tavares

Líderes para a nova década: A máquina do senhor Tavares
Nuno Botelho

Gonçalo M. Tavares é um dos líderes para os próximos dez anos. No 47.º aniversário do Expresso, a Revista dedica uma edição especial à década que aí vem - e com uma versão audio

Antes mesmo de publicar, em 2010, “Uma Viagem à Índia”, poema-romance/romance-poema, Gonçalo M. Tavares, já era um nome a ter em conta na literatura portuguesa. Eduardo Lourenço considerou esta revisitação de “Os Lusíadas”, de Camões, “um grande livro”, “reinvenção surpreendente”, obra “singular e provocante”, “contra-epopeia”: “Não existe entre nós — e mesmo algures — um objeto tão intrinsecamente literário.” O poeta e tradutor Vasco Graça Moura escreveu que ainda vamos ouvir falar desta obra dentro de 100 anos, e Alberto Manguel considerou Gonçalo M. Tavares um “dos grandes autores universais”. Vila-Matas encontrou em Gonçalo M. Tavares Kafka, e a revista “The New Yorker” acrescentou Beckett a Kafka. O seu primeiro reconhecimento está intrinsecamente ligado a “Jerusalém”, romance com que conquistou em Portugal o Prémio Saramago, em 2005. E foi também José Saramago o primeiro grande escritor a invejar-lhe a escrita, e a confessá-lo publicamente. O “nosso” Nobel, o único que a literatura de língua portuguesa conquistou, vaticinou-lhe um grande destino. O Nobel também. “Jerusalém” recebeu ainda, em 2004, o Prémio Ler/Millennium BCP e, em 2007, o Prémio Portugal Telecom, no Brasil, e o romance foi incluído na edição europeia “1001 Livros para Ler Antes de Morrer” — guia cronológico dos mais importantes romances de todos os tempos.

Gonçalo M. Tavares nasceu em 1970, e só publicou o primeiro livro aos 31 anos, ou seja, em 2001. Nos anos que antecederam a primeira publicação, “Livro da Dança”, na editora Assírio e Alvim, o escritor trabalhou, de modo compulsivo e obsessivo, madrugada sobre madrugada, ao longo de dez anos. Levantava-se às cinco da manhã, e escrevia nos cafés de bairro até à hora de almoço. Foi a essa grande gaveta, onde acumulou cadernos de capa mole preta, que foi buscar mais de uma vintena de livros, na década seguinte. Entre eles os quatro romances que agrupou sob o nome “Reino”.

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