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Cultura

O homem que fez dos super-heróis gente imperfeita como nós

O homem que fez dos super-heróis gente imperfeita como nós
©Marvel Studios 2018

Stan Lee criou “o primeiro super-herói negro realmente importante”. Tão importante que está nomeado para seis óscares: “Black Panther”

O homem que fez dos super-heróis gente imperfeita como nós

Marta Gonçalves

texto

Black Panther é uma personagem de contestação social?

Tem poderes de felino: rápido, ágil, resistente. Tudo isto elevado a um nível sobre-humano. É extremadamente inteligente, absorveu todo o conhecimentos dos seus antecessores. É forte, lidera o reino subterrâneo (e fictício) de Wakanda, algures em África. Black Panther foi inspirado numa pantera - aliás, quase todas as criações da Marvel têm origem animal. Aparece pela primeira vez em 1966, no mês de julho. E pela primeira vez um super-herói negro tinha superpoderes, era relevante.

“A cor da pele é a grande diferenciação das outras personagens. O Black Panther é um jovem que tem a genealogia de pantera. Na história, a existência do reino de Wakanda torna-se de conhecimento público, é descrito como um lugar superdesenvolvido no continente africano. Isso é um choque, no fundo deitava por terra a teoria de que África não era mais nada após a Idade do Bronze. Essa é a grande originalidade, marcada muito pelo contexto histórico em que surge, por ser uma aproximação às minorias, à variedade”, diz ao Expresso Jorge Coelho, ilustrador e desenhador de banda desenhada.

Nos mesmos anos de 1960 em que o Black Panter aparece, nos EUA pediam-se mudanças: igualdade de voto, fim da segregação em espaços públicos e da discriminação institucional. Marchava-se em Washington e as palavras de Malcolm X e Martin Luther King, Jr. eram ouvidas por milhares de pessoas. Queria-se novas leis e novas leis iriam surgir num país onde a diferença entre brancos e pretos estava profundamente enraizada. Eram tempos de grandes movimentos sociais, que dão até origem à criação de um partido chamado (surpreenda-se) Black Panther.

Marvel Studios

A ligação entre a realidade e a personagem parecia óbvia - mais um posicionamento cultural a favor da igualdade, pensou-se, mas não era, pelo menos não no início. Palavra de Stan Lee e Jack Kirby, os criadores.

Era uma coincidência, dizia Lee, embora sem nunca negar o “orgulho de criar o primeiro super-herói negro realmente importante”. “Não foi algo relevante para mim, era natural. Uma boa parte das pessoas nos EUA não era branca. É preciso reconhecer isso mesmo e incluí-lo no que se está a fazer. Estamos sempre conscientes dos problemas sociais, mas não estava a escrever histórias políticas ou sociais. Só tentava escrever histórias que pessoas de todas as idades e géneros gostassem de ler. Se tocássemos em certos assuntos, era levemente”, explicava o argumentista, criador, editor e também empresário numa entrevista à edição canadiana do “Huffington Post” em 2016.

No entanto, anos antes, quando foi premiado pelo congresso norte-americano com a Medalha Nacional das Artes - a maior das honras governamentais na área das artes -, Stan Lee admitiu que “que as novas histórias eram um meio para o comentário social”. E esses eram temas que o preocupavam: usou muitas vezes a página do editorial nos livros de banda desenhada para alertar para determinadas causas. “O fanatismo e o racismo estão entre as doenças mais fatais em todo o mundo”, escreveu em 1968, numa das suas “Stan’s Soapbox”, que publicou entre 1965 e 2001.

Marvel Studios

“Numa determinada fase da carreira, Stan Lee cria umas personagens de certa forma influenciadas pelo seu tempo. O Surfista Prateado, por exemplo, vem muito daquela altura do flower power, enquanto o Black Panther surge na altura das revoluções sociais, do próprio movimento black panther, das manifestações antirracistas, do presidente Nixon, da Guerra do Vietname”, diz ao Expresso Nuno Saraiva, também ilustrador. “Todos estes elementos acabaram por influenciar a cabeça daquele homem. E isso é mesmo curioso. Não é apenas banda desenhada infanto-juvenil.”

Uma espécie de Tolkien

Stan Lee queria ser ativista mas não de forma óbvia. “Não se abstinha de tocar em determinadas temáticas de maneira metafórica ou linear. Não estando a fazer política, fazia-a. E a forma como o fazia parece ter sido um pouco abandonada. Era subtil, como os velhos filósofos. Deixava o leitor pensar, dava credibilidade e realismo às histórias”, diz Jorge Coelho. Por exemplo, os X-men (nascem com uma mutação genética que provoca alterações no corpo por volta da puberdade) são apresentados como o próximo passo na inovação genética e “Lee fala muito da reação das pessoas ditas normais à diferença”. “A mim fez-me pensar e marcou-me ao longo do crescimento.”

Stan Lee com Chadwick Boseman, o ator que interpreta Black Panther, na estreia do filme
VALERIE MACON/AFP/Getty Images

Stanley Lieber - assim registado - nasceu em Nova Iorque, filho de pais com descendência romena e judeus. Viveu com a família no bairro do Bronx numa casa de um só quarto, que dividia com o irmão mais novo. Os pais dormiam no sofá da sala. Eram tempos da Grande Depressão e não havia dinheiro, Lee agarrou-se aos livros. Mais velho, depois da escola, arranjou trabalho a escrever pequenos textos para um jornal local. Haveria de ser contratado como assistente da Timely Comics, a empresa que hoje conhecemos como Marvel - e responsável pela publicação de tantas bandas desenhadas.

Aos 19 anos, tem a oportunidade de apresentar o primeiro guião. “Eu escrevia as histórias na esperança de que o público gostasse e que o dinheiro que ganhava chegasse para pagar a renda. Nunca pensei quanto tempo iria durar, sabia que se uma personagem não fosse popular podia escrever uma nova. Estava sempre a escrever outras”, contou Lee.

E se escreveu. Dezenas de personagens que conhecemos como grandes heróis da Marvel são da sua autoria - grande parte delas em parceria com o desenhador Jack Kirby, que sempre reclamou o pouco crédito que lhe foi dado e causava algum desconforto dentro da editora.

“Qualquer pessoa se destacaria se tivesse criado uma ou duas personagens de sucesso. Ele fez isso pelo menos dez vezes - e se contarmos com as personagens do X-men, foram pelo menos 15 vezes”, defende Jorge Coelho. Homem-Aranha, Surfista Prateado, Hulk, Homem de Ferro, Loki e Quarteto Fantástico são alguns exemplos. “Stan Lee conseguiu greatest hits constantemente e ao longo de várias gerações. Criou um dos universos mais impactantes que temos. No fundo, é uma espécie de J. R. R. Tolkien [autor, entre outros, da série “Senhor dos Anéis], mas da banda desenhada. Criou mundos e isso é difícil de contar quantas pessoas conseguiram fazer.”

Barbara Davidson/ Getty Images

Era nos defeitos que estava a fórmula secreta. Personagens que não estivessem num pedestal, quase num estatuto de deuses - essa era a grande diferença das criações de Lee. Em Homem-Aranha, ao longo de três ou quatro páginas, acompanhamos o sofrimento de Peter Parker quando se apercebe que falhou os exames de admissão à faculdade.

“A lógica dos super-heróis já tinha sido criada - pela DC Comics, que acabaria por ser a editora rival da Marvel -, com personagens como Super-Homem. Esses são praticamente heróis por obra e graça do espírito santo. As personagens do Stan Lee têm um conteúdo humano”, explica Nuno Saraiva, que admite que se um dia fizer banda desenhada de super-heróis vai “beber desta influência dramática de Lee”.

“Até então, mesmo na vida privada, os super-heróis eram mais ou menos perfeitos. Passam a ter problemas internos, com a família e os amigos. São problemas de pessoas reais e a dose de realidade criou uma identificação com as pessoas”, defende Jorge Coelho.

O homem que se envergonhava por “só” ser um escritor de banda desenhada não demoraria muito a perceber a importância do entretenimento.“Sinto que se alguém é capaz de entreter pessoas, então está a fazer algo de bom”, dizia ao “The Hollywood Reporter”. O sucesso de Lee leva-o até à presidência da Marvel Comics e começa a procurar novas formas de levar os heróis ao público.

Criava, escrevia, editava. Fez-se empresário.“Conseguiu criar uma equipa muito interessante e teve a capacidade de contratar e reunir inúmeros desenhadores no mesmo atelier de forma a publicar as bandas desenhadas com grande regularidade. Criou uma indústria”, diz Nuno Saraiva.
Apressaram a sentença de morte da Marvel, que chegou mesmo a ter de declarar falência no final dos anos 90. Estava cheia de dívidas. E seria Hollywood e a indústria do cinema que a iria salvar. Venderam à Sony os direitos cinematográficos do Homem-Aranha e à Fox os do X-Men e do Quarteto Fantástico. A Marvel renasceu - e ele gostava de fazer papéis de microssegundos nos filmes.

Stan Lee morreu no final do ano passado, meses depois da chegada “do primeiro super-herói negro realmente importante” ao cinema.

6 nomeações

Melhor filme
Melhor banda sonora original
Melhor mistura de som
Melhor guarda-roupa
Melhor direção artística
Melhor edição de som

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