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Cultura

Leva o teu Green Book contigo, este livro é um bem necessário para a nossa raça

Leva o teu Green Book contigo, este livro é um bem necessário para a nossa raça

Estes livros vendiam-se nas bombas de gasolina. Eram uma espécie de guia de segurança para pessoas negras que andassem na estrada: onde comer, dormir, parar, visitar. Em “Green Book”, filme nomeado para cinco óscares, Don Shirley e Tony Vallelonga encontram um exemplar

Leva o teu Green Book contigo, este livro é um bem necessário para a nossa raça

Marta Gonçalves

Coordenadora de Multimédia

Em todos os meses de abril havia um novo livro no mercado. Era atualizado anualmente. Eram acrescentados novos hotéis, dormitórios e residenciais que deixassem um negro lá dormir legalmente. Surgiam mais nomes (outros saíam) de restaurantes, bares, tabernas e gasolineiras que não se importavam de servir negros. Punha-se mais um cabeleireiro ou barbeiro que não se importasse de pentear ou cortar os cabelos dos negros. Listava-se as oficinas e empresas automóveis que vendessem peças e arranjassem os carros dos negros. No “Green Book do Motorista Negro”, um pequeno livro de capa verde, havia tudo isto.

Costumava estar à venda nas bombas de gasolina entre os anos 30 e 60. Era aconselhável que qualquer negro tivesse um exemplar - mesmo que não estivesse em viagem, porque aqueles eram tempos de uma América (e não só) segregada. “Traz sempre contigo o teu ‘Green Book’, podes precisar”, lia-se na capa. “Este livro é um bem necessário para a nossa raça”, acrescenta um dos textos enviados ao editor do guia, Victor Hugo Green. Cada cópia custava pouco mais de 25 cêntimos.

O editor Green visitava muitas vezes a Virgínia, onde a sua mulher tinha família. Desde Nova Iorque, onde viviam, até lá são mais de 600 quilómetros de estradas e, fazendo as estimativas com os carros e as condições de hoje em dia, mais de seis horas de viagem. No percurso nem sempre encontravam sítios onde pudessem ficar. Quando um amigo judeu lhe disse que existia um guia de locais que podiam ser legalmente frequentados pela comunidade judaica, Green decidiu fazer a mesma coisa mas para negros.

“Em termos de viagens de carro, era muito mais difícil fazê-lo no norte e na costa oeste dos EUA porque não existiam sinais. Não se sabia quais os lugares perigosos e quais aqueles em que estavam proibidos de frequentar. Portanto, era prioritariamente um guia nacional. Era algo usado em todo o país”, defende à Vox Yoruba Richen, realizador do documentário “Green Book: guide to freedom”, que estreia esta segunda-feira.

Viggo Mortensen e Mahershala Ali são os protagonistas do filme “Green Book”

Nos anos 30, nos EUA, o uso de automóveis aumentou consideravelmente. Boa parte das famílias norte-americanas tinha um. No entanto, apesar do aumento da qualidade de vida, a igualdade de direitos continuava profundamente enraizada. Em breve começariam a fazer-se ouvir os primeiros movimentos sociais. E até aí o Green Book ajudaria.

Nestes locais acabavam por se juntar várias pessoas da comunidade e nasceram gritos de revolta. Exemplo disso é o Hotel Gaston, em Birmingham, no estado do Alabama, considerado dos mais luxuosos hotéis para negros. “Estas pessoas eram ativistas. Entre os vários hospedes, o local chegou a servir de sede para Martin Luther King Jr.”, conta o realizador.

Ainda agora o livro pode ser comprado. O preço é um pouco mais caro: oito dólares (sete euros). Cerca de um terço dos estabelecimentos que vinha listado no Green Book continua a funcionar. Eram perto de 10 mil opções. Pelo menos 23 edições estão AQUI disponíveis para consulta.

Em “Green Book”, não o livro mas o filme, um pianista negro, Don W. Shirley, e o seu motorista-segurança, Tony Lip, partem em digressão pelos sul dos Estados Unidos. Vão de carro só os dois. E é no “Green Book”, não o filme mas o livro, de que se socorrem ao longo da viagem. Recordando sempre que naquele tempo - a história passa-se em 1962 - ser um homem de sucesso e da elite artística de pouco valia quando a cor da pele não era clara.

“Sinfonia de mentiras”?

Tony Lip foi despedido. Era segurança de uma discoteca. Don W. Shirley, um aclamado pianista, ia em digressão e precisava de um empregado - alguém que o conduzisse mas também que o protegesse. O primeiro era de ascendência italiana, o segundo afro-americano. E recorreram ao livro para se manterem longe dos problemas. Tornaram-se melhores amigos.

Shirley era um solitário. Nasceu na Florida filho de pais jamaicanos. Aos dois anos já tocava piano, seguiu pela música clássica mas acabaria por experimentar o jazz. Editou dezenas de álbuns, o último em 2001. Bebia demasiado, quase uma garrafa inteira de whisky por dia quando estava em digressão. “Tinha muito na cabeça, tinha muito em que pensar, tinha muito na sua alma”, diz à “Time” Nick Vallelonga, filho de Tony Lip e um dos argumentistas do filme.

Tony Lip em 2006
Bobby Bank/ Getty Images

Tony nasceu na Pensilvânia mas ainda em miúdo mudou-se com os pais para o bairro do Bronx, em Nova Iorque. E foi por essa altura que o apelido “Lip” pegou. Foi ator, participou numa série de filmes - incluindo “O Padrinho”, ainda que apenas como figurante - e em 2001 entra no elenco da aclamada série da HBO “Os Sopranos”. Interpreta Carmine Lupertazzi, um chefe de uma família da máfia.

Mas é bem antes de tudo isto que Tony conhece Shirley. Que a vida de ambos se cruzou é mais do que certo. Tal como a viagem. Daí em diante, as perspetivas da história mudam bastante: Vallelonga-filho assegura que os dois foram amigos, a família de Shirley diz que não foi mais que uma relação patrão-funcionário. O filme e todos os problemas com que se deparam são a história real, garante Vallelonga. A veracidade de vários momentos do filme é posta em causa pela família de Shirley, incluindo o alegado afastamento da família.

Uma fotografia de arquivo de Don Shirley
John Springer Collection/ Getty Images

“Este filme não é sobre o meu irmão, mas sobre dinheiro, privilégios dos brancos, pressupostos e Tony Lip”, defende Maurice Shirley, numa nota enviada à imprensa norte americana pouco depois da estreia do filme. A família do pianista criticou duramente o facto de não ter sido consultada durante a produção.

Os realizadores e escritores pediram desculpa, argumentando que não sabiam que ainda havia família de Don Shirley viva. Além disso, Nick Vallelonga assegurou que foi o próprio Don Shirley que lhe pediu que não consultasse ninguém. “Só eu e o teu pai fizemos aquela viagem, mais ninguém estava lá. Só nós é que sabemos”, assegura Vallelonga ter ouvido de Shirley pouco antes deste morrer.

Don Shirley morreu em abril de 2013, poucos meses depois de Tony Lip, que morreu em janeiro desse mesmo ano. Foram amigos até ao fim.

5 Nomeações

Melhor filme
Melhor ator
Melhor ator secundário
Melhor argumento original
Melhor montagem

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