Coronavírus

Marcelo pediu um esclarecimento, a DGS já o deu: Costa cumpre isolamento por “precaução”. Mas norma pode ser atualizada

Marcelo pediu um esclarecimento, a DGS já o deu: Costa cumpre isolamento por “precaução”. Mas norma pode ser atualizada
ANTÓNIO COTRIM/LUSA

Em resposta ao Presidente da República, que pediu um esclarecimento às autoridades de saúde sobre o isolamento de Costa, a DGS fala do “princípio da precaução em Saúde Pública” mas admite atualizar esta norma

Marcelo pediu um esclarecimento, a DGS já o deu: Costa cumpre isolamento por “precaução”. Mas norma pode ser atualizada

Mara Tribuna

Jornalista

Marcelo Rebelo de Sousa questionou esta quarta-feira o isolamento profilático que o primeiro-ministro tem de cumprir depois de estar em contacto com o homólogo do Luxemburgo e com um membro do seu gabinete, ambos infetados. Como António Costa já recebeu a vacina contra a covid-19, o Presidente da República considerou que as autoridades de saúde deveriam esclarecer a situação aos portugueses. Entretanto, a Direção-Geral da Saúde já veio clarificar: trata-se do “princípio da precaução em Saúde Pública”.

Em resposta ao Expresso, a DGS explica que se deve às normas em vigor: “no atual momento epidemiológico, de acordo com a Norma 015/2020 e 019/2020 da Direção-Geral da Saúde, as pessoas vacinadas são abordadas, no que diz respeito ao isolamento e testagem, respetivamente, da mesma forma que as pessoas não vacinadas”.

No entanto, a autoridade de saúde nacional admite alterar a norma e pondera até fazê-lo: "esta matéria encontra-se presentemente em discussão e poderá ser atualizada com base na evolução da evidência científica e se a situação epidemiológica assim o suportar”.

Válter Fonseca, coordenador da Comissão Técnica de Vacinação contra a Covid-19 da DGS, rejeita uma dualidade de critérios e explica que “estamos num período de transição da pandemia”. Por um lado, a vacinação está a ter “uma evolução favorável”, mas por outro há “incerteza da nova variante Delta que tem comprometido alguns dados de efetividade que tínhamos no início”, explicou o especialista no programa “Edição da Noite” da SIC Notícias.

António Costa foi testado à covid-19 na segunda-feira, depois de ter estado em contacto no último Conselho Europeu (em Bruxelas) com o seu homólogo do Luxemburgo, Xavier Bettel, que está infetado com o novo coronavírus. Entretanto, um membro do gabinete de Costa também testou positivo, soube-se esta quarta-feira, sendo que este último contacto foi considerado de "alto risco" pelas autoridades de saúde e obrigou ao isolamento do primeiro-ministro.

Válter Fonseca lembra que desde o início da pandemia que existem dois tipos de contactos: de alto risco ou de baixo risco. "Independentemente do estado vacinal, é expectável que existam medidas mais restritivas para os contactos de alto risco e menos restritivas para os contactos de baixo risco - isto não mudou, não é uma dualidade de critérios", recorda o especialista em declarações à SIC Notícias.

Apesar de já ter recebido as duas doses da vacina, o chefe de Governo tem então de cumprir o isolamento profilático. Esta quarta-feira, Marcelo Rebelo de Sousa considerou necessário um esclarecimento. "Isto tem de ser explicado, para que não haja a ideia errada de que a vacina não serve para nada. Nós temos de vacinar e vacinar mais, há uma campanha de vacinação importante em curso e por isso é bom que os portugueses não fiquem com dúvidas", afirmou aos jornalistas na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

O chefe de Estado continuou: é preciso explicar "por que é que uma pessoa, apesar de vacinada há mais de um mês com um certificado que lhe permite andar pela Europa e pelo mundo, e sair do território português, está sujeita à mesma obrigação de quarentena ou de isolamento profilático durante dez dias que uma pessoa não vacinada ou só com uma dose de vacina".

Marcelo vincou a importância de um esclarecimento “senão as pessoas ficam baralhadas, e a autoridade do Estado implica credibilidade. Credibilidade quer dizer que as pessoas acreditam em quem define regras porque se deixam de acreditar, entram em desconfinamento selvagem", argumentou ainda.

Para já, as pessoas vacinadas ou não vacinadas são tratadas como igual em matéria de isolamento (e testagem): se estão em contacto com uma pessoa infetada devem ficar na mesma de quarentena por uma questão de precaução. Mas em breve a norma pode ser atualizada, como admite a DGS, e o procedimento pode deixar de ser preciso para aqueles que, à partida, já estão imunes à covid-19.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: mtribuna@expresso.impresa.pt

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