Coronavírus

Covid-19. Hospital Amadora-Sintra atinge limite de capacidade e doentes ligeiros são deslocados para Belém e Abrantes

Urgências do Hospital Amadora-Sintra
Urgências do Hospital Amadora-Sintra
José Carlos Carvalho

O antigo Hospital Militar de Belém, agora reabilitado para receber doentes covid-19, é uma das unidades a receber doentes vindos do Hospital Fernando Fonseca, conhecido como Amadora-Sintra

O aumento de número de casos de covid-19 nos concelhos de Sintra e Amadora fez chegar ao limite a capacidade do Hospital Fernando Fonseca, antigo Amadora-Sintra. O hospital de referência do concelho atingiu, pela primeira vez desde o início da pandemia, os 70 doentes em internamento hospitalar, o que fez com que fosse pedido um apoio à rede da região, gerida pela Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARS LVT).

Fonte do Fernando Fonseca confirma ao Expresso que cerca de dez doentes foram transferidos, uns para o Centro de Apoio Militar Covid-19 (CAM), o antigo Hospital Militar de Belém, agora reabilitado, e outros para o Hospital de Abrantes. Os doentes, reforça a mesma fonte, estão num intervalo de idades entre os 60 e os 90 anos, mas são todos ligeiros. Nas unidades de cuidados intensivos do hospital resta uma margem.

A medida serve “para evitar uma concentração abusiva de casos de covid”, uma vez que a pandemia “já alterou completamente o funcionamento do hospital, com a criação de espaços próprios, com cinco [salas de] bloco operatório em vez de 12, para criar circuitos”, exemplifica. O deslocamento de novos doentes depende agora da evolução do surto na região de Lisboa e nestes concelhos em particular. Sintra tinha esta sexta-feira de manhã um registo de 2.105 infetados, superado apenas por Lisboa, enquanto a Amadora aparecia com 1.336.

A escolha dos hospitais de retaguarda é responsabilidade da ARS LVT (Lisboa e Vale do Tejo), que gere as necessidades e disponibilidades a nível regional. Esta sexta-feira, o “Diário de Notícias” deu conta do início das operações no CAM, o antigo Hospital Militar de Belém, que estava pronto para servir de apoio durante a pandemia há quase dois meses. Por falta de necessidade, ainda não o tinha sido.

Segundo o DN, os primeiros doentes infetados com o novo coronavírus chegaram esta quarta-feira, 17 de junho. O Expresso tentou contactar a administração do CAM para perceber quantos doentes estão atualmente internados e vindos de que hospitais, mas até ao momento não obteve resposta. No site oficial do Exército, lê-se que o CAM é “dotado de serviços clínicos, de enfermaria, de farmácia, de apoio, e de administração e direção”, com “capacidade inicial de 30 camas, podendo crescer até às 150”.

Santa Maria sem doentes deslocados

A notícia avançada pelo DN foi confirmada pelo Ministério da Defesa, que respondeu a uma solicitação da Administração Regional. A ARS LVT, porém, disse apenas que “o que faz é promover a articulação para uma resposta em rede” e escusou-se a fazer outros comentários sobre os doentes internados. O Expresso tentou obter dos responsáveis pela rede informação sobre o plano preparado para os hospitais de retaguarda, mas também aqui não conseguiu resposta em tempo útil.

Ao Expresso, já depois da publicação deste artigo, a administração adiantou que há cinco pessoas internadas no CAM, que recebe apenas “doentes com evolução clínica positiva e em fase final de tratamento”. Os cinco são provenientes do Hospital Fernando Fonseca.

A ARS LVT adianta ainda que “a capacidade de internamento da Região não está esgotada”, apesar de este hospital estar mais “pressionado”, e que a articulação entre ARS e hospitais públicos da região e outras entidades sempre aconteceu, “mas atendendo à dinâmica da COVID-19, essa articulação tem sido reforçada, procurando antecipar cenários e uma resposta em rede”.

Fonte do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, que integra o hospital de Santa Maria, garante que a unidade não tem qualquer necessidade de deslocar doentes. O que faz, avança, é reportar à ARS LVT as oscilações no número de internados. E se na semana passada esse número oscilou para cima, esta semana segue em sentido contrário, em linha com o que acontece a nível nacional, onde o número mais recente de pacientes em internamento hospitalar (416) é o mais baixo desde 11 de junho (415). Em unidades de cuidados intensivos, estão esta sexta-feira 69 pessoas a nível nacional. E também no Santa Maria, sabe o Expresso, esse número caiu nos últimos dias.

*Notícia atualizada às 20h52 com a resposta, por e-mail, da Administração Regional de Lisboa e Vale do Tejo

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