Coronavírus

Covid-19. Centeno pede “mente aberta” sobre Fundo de Retoma e um maior orçamento da zona euro

Covid-19. Centeno pede “mente aberta” sobre Fundo de Retoma e um maior orçamento da zona euro
OLIVIER HOSLET/Lusa

Perante os eurodeputados da comissão parlamentar dos Assuntos Económicos, o também ministro das Finanças português defendeu que “o que importa agora é manter a mente aberta e continuar a apontar para um nível de ambição mais elevado quanto ao Fundo de Retoma e ao próximo Quadro Financeiro Plurianual”

Covid-19. Centeno pede “mente aberta” sobre Fundo de Retoma e um maior orçamento da zona euro

Susana Frexes

Correspondente em Bruxelas

O presidente do Eurogrupo defende que "uma parte da resposta" à crise da covid-19, passa pelo futuro orçamento da Zona Euro. "Considero que há um forte argumento para refletir sobre o seu uso potencial e, naturalmente, sobre o seu tamanho", disse Mário Centeno durante a tarde desta terça-feira numa videoconferência com o Parlamento Europeu.

O chamado Instrumento Orçamental para a Convergência e Competitividade - ou "BICC", como é conhecido em Bruxelas, foi desenhado pelos ministros das Finanças para financiar reformas, mas a dimensão continua por determinar, uma vez que as negociações sobre o Quadro Financeiro para 2021 a 2027 estão paradas e à espera de uma nova proposta da Comissão Europeia. Na anterior, o valor sugerido por Bruxelas para o BICC rondava os 15 mil milhões de euros, para os 19 países do Euro. Centeno agora pede mais.

Perante os eurodeputados da comissão parlamentar dos Assuntos Económicos, o também ministro português das Finanças defende ainda que "o que importa agora é manter a mente aberta e continuar a apontar para um nível de ambição mais elevado quanto ao Fundo de Retoma e ao próximo Quadro Financeiro Plurianual".

Mário Centeno diz que tomou boa nota da resolução do Parlamento Europeu, que na passada sexta-feira pediu a criação de "obrigações de retoma", garantidas pelo orçamento comunitário, para financiar os investimentos e a recuperação económica pós-pandemia.

O presidente do Eurogrupo reconhece que os países têm posições divergentes sobre a emissão conjunta de dívida - com Holanda e Alemanha a travarem a mutualização e partilha de responsabilidade - mas considera que é preciso que os países se afastem de "antigas linhas vermelhas" e se concentrem em resolver o problema: "precisamos um estímulo europeu de peso e uma solução comum para gerir o fardo da dívida subsequente".

É que, "apesar de coordenadas e significativas", as respostas nacionais têm sido "limitadas e desiguais". Lembra que o impulso económico inicial alemão foi quase sete vezes maior que o italiano, ainda que Itália tenha sido mais afetada pelo vírus. "Se pararmos aqui, não estaremos a fazer tudo o que for preciso, mas a fazer o que cada um pode", argumenta Centeno. E avisa que a "fragmentação" socioeconómica prejudica o "mercado interno e a união monetária".

Centeno apresentou ainda os resultados da última reunião do Eurogrupo, que fechou um pacote de redes de segurança no valor de 540 mil milhões de euros, através de empréstimos e linhas de crédito do Banco Europeu de Investimento, da Comissão - através do programa de apoio ao layoff e manutenção de emprego - e do Mecanismo Europeu de Estabilidade. Sobre o polémico uso do chamado fundo de resgate da Zona Euro, garante que o acordado é "muito diferente do tipo de assistência financeira que foi dada durante a crise da dívida soberana", sublinhando que "não há estigma, não há condições, nem há troika".

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