É o mais importante restauro científico de uma obra de arte realizado em Portugal e a maior aposta do Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA) feita nos últimos anos, não só enquanto projeto de investigação científica como é também uma das apostas fortes da programação de 2020, em que o público terá a possibilidade poder acompanhar ao vivo o restauro desta obra ímpar na História de Arte portuguesa. Para o poder realizar o MNAA assinou um protocolo com a Fundação Millennium BPC que contribuiu com um apoio financeiro de 225 mil euros.
Mas o trabalho do restauro não se suspendeu. Segundo indicou ao Expresso Joaquim Caetano, diretor do MNAA, “a equipa de restauro do museu já tem em casa toda a documentação técnica até agora efetuada e está a trabalhar em rede com a equipa dos oito conselheiros que envolve um projeto desta dimensão.”
São eles investigadores e técnicos de museus e institutos como o Metropolitan Museum of Art de Nova Iorque, o Prado de Madrid, a National Gallery de Londres, o Kikirpa, o Instituto Central de Restauro de Bruxelas, ou da Universidade de Gent. Em Portugal estão envolvidos o Laboratório José de Figueiredo, de Lisboa, e o Centro Hércules da Universidade de Évora.
Considerado o primeiro “retrato coletivo” da história da pintura europeia, os icónicos Painéis de São Vicente - que reúnem pinturas atribuídas a Nuno Gonçalves, consistem na obra mais importante do acervo do MNAA e da pintura portuguesa, foram descobertos em 1892 no Paço Patriarcal de São Vicente e nessa altura restaurados pelo pintor Luciano Freire. Desde então, não voltaram a sofrer outro restauro e, naturalmente, começaram a dar mostras de envelhecimento.
Com a nova tecnologia que se tem desenvolvido desde então, sobretudo com a aquisição de uma mesa de luz com digitalizações em alta resolução dos Painéis junto da obra, que permitem aumentar a imagem e verificar alguns detalhes pela primeira vez apareceram e podem trazer aos investigadores uma nova luz sobre uma obra que até hoje se manteve imbuída num enigma, cuja intenção e significado nunca ficou totalmente claro para os especialistas em História da Arte.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: ASoromenho@expresso.impresa.pt