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Anho de Baião confitado é estrela no novo restaurante instalado na estação de Santa Apolónia

Anho de Baião confitado é estrela no novo restaurante instalado na estação de Santa Apolónia
JOSE MONICA

No restaurante do Editory Riverside Santa Apolónia Hotel, instalado há cerca de oito meses sobre a estação de comboios, dá a conhecer a quem fica, mas também a quem passa, a cozinha tradicional portuguesa com outra roupagem.

Anho de Baião confitado é estrela no novo restaurante instalado na estação de Santa Apolónia

Dora Troncão

Jornalista

A entrada para o restaurante faz-se pela receção do hotel, decorada com malas de viagem antigas. Suba pelas escadas até ao primeiro piso onde se encontra o restaurante. As janelas acompanham o pé alto edifício e dão acesso à varanda. Espreite a cidade. É bem percetível como se cruzam tantas realidades entre partidas e chegadas, frente à estação.

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A cozinha é aberta aos olhares. Salta à vista uma espécie de placard com inscrições de antigas plataformas e horários de viagens para vários destinos. O bar, ao centro da sala com cerca de 500m2, remete para o interior de uma carruagem-bar. É o lugar ideal para sentar e tomar um aperitivo. O sommelier António Anastácio aconselha nesse sentido.

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Passe à mesa para conhecer os sabores das criações do chef André Silva, remetem para as origens e para o conhecimento dos produtos nacionais em contacto próximo com os produtores. André Silva é dono de um vasto percurso profissional. Passou por diferentes cozinhas a nível nacional como, por exemplo, a do hotel Casa da Calçada, em Amarante, distinguida com uma Estrela Michelin. Tem a cargo agora os restaurantes Auge (Porto Palácio Hotel), Ilícito (Editory Boulevard Hotel) e The Editory Riverside Santa Apolónia.

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Para Cá do Marão” (€21) é o prato bem português que preenche em tudo as medidas de quem adora produtos nacionais genuínos. Feito com anho de Baião confitado é acompanhado pelo arroz de enchidos feito com os sucos da carne. “O nosso receituário pode ganhar nova vida, mas tem os seus desafios”, sublinha André Silva. O chef faz uma procura exaustiva dos fornecedores e acaba por estabelecer um acordo de quase exclusividade quando se decide por um produto como é caso deste anho de Baião.

Todas as propostas de carne da ementa de André Silva são uma “ode” à diversidade e autenticidade dos produtos do território nacional. Este capítulo da carta inclui ainda a sugestão “Para Lá do Marão”, composta por bochechas de porco bísaro estufadas em barro preto com cebolinhas, puré de batata e pera bêbeda (€19), assim como “Bem à Nossa Moda”, um bife à Portuguesa, de vitela Cachena e presunto do Alentejo (€22), e “Da Copeira”, coxa de frango do campo recheada com alheira de Mirandela e amêndoas, molho de churrasco e limão e batata frita (€17).

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Provamos o “Da Terra ao Mar”, salmonete irrepreensível, com molho dos seus fígados, batata-doce assada e legumes do mercado (€25). A esta proposta junta-se “Dos Açores”, um pica-pau de atum com pickles caseiros e inhame, “De Norte a Sul e Ilhas”, arroz caldoso de peixes da nossa costa com camarão (€22), e, ao gosto português, o “Fiel Amigo com Língua”, um lombo de bacalhau com alho e louro e línguas de coentros (€21), e fica completa a rubrica dedicada aos peixes e mariscos.

O atum também está presente nas Entradas, mas em “Conserva caseira com escabeche de mexilhão, pepino, tomate e quenelles de azeitona verde e grão-de-bico” (€13). Há ainda uma “Cavala fumada com molho de anchovas, ovo de codorniz, beterraba e crotões de Regueifa de Valongo” (€11), recuperando aqui o bolo tradicional da terra natal do chef, Valongo, e dando-lhe outra aplicação. Referência ainda nas entradas para o “Choco frita com tinta, maionese de caril e salada de ficoide glacial da Ria Formosa” (€17), planta carnuda, crocante e com travo marinho. Duas sugestões para quem prefere as sopas, o “Gaspacho Alentejano” (€9) e o “Creme de ervilhas e chouriço e ovo de codorniz escalfado” (€9,5). No que diz respeito aos vinhos, a aposta é nos vinhos portugueses, preferencialmente de pequenos produtores e com enfoque na região de Lisboa.

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Com uma capacidade para 122 lugares sentados, The Editory Riverside serve refeições em horário contínuo, diariamente entre as 7h00 e a 01h00, desde o pequeno-almoço, também de cariz regional, ao jantar, passando pelo almoço, com opção de almoço executivo com preço mais amigo. O chef e a equipa trabalham na criação de um serviço de merendas, procurando recuperar o hábito antigo de levar sempre algo para comer durante a viagem e, em breve, haverá também domingos temáticos, com momentos de refeição dedicados às famílias. Existem ainda sugestões de fun dining, para partilhar.

The Editory Riverside Santa Apolónia Hotel, grupo The Editory Collection Hotels, da Sonae Capital Hotelaria, inaugurou no dia 7 de fevereiro deste ano de 2022. Dispõe de 126 quartos com uma decoração alusiva à herança ferroviária portuguesa tal qual acontece nos respetivos espaços socais. É uma unidade de cinco estrelas, que resulta de um investimento de 12 milhões de euros e deu nova vida a zonas não utilizadas da estação de Santa Apolónia.

O restaurante The Editory Riverside (Av. Infante D. Henrique, 1, Lisboa. Tel. 219023000), assume agora maior protagonismo. Já se apresentara como “estação central das várias linhas regionais” e, de facto, surge como um cartão de visita para uma confluência de sabores tradicionais portugueses que todos os viajantes, ou não viajantes, devem conhecer.

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