Ao contrário do que nos diz o chavão da globalização, o mundo não está a ficar mais pequeno. No que à música diz respeito, o anteriormente concentrado universo tem crescido a olhos vistos e agora inclui novas estrelas com origens em geografias que até aqui não eram visíveis no grande Atlas pop — da vizinha Espanha à Nigéria, de Porto Rico à Coreia do Sul. O cenário não é diferente nos domínios do jazz: a grande invenção americana que se expandiu até à Europa durante a primeira metade do século XX é hoje uma cultura firmemente enraizada em todos os recantos do globo. Atente-se ao piano no jazz, por exemplo. Se o panteão dos pianistas se faz de nomes como Duke Ellington, Art Tatum, Thelonious Monk, Bill Evans, Bud Powell, McCoy Tyner, Cecil Taylor ou, mencionando gigantes ainda neste plano de existência, Herbie Hancock e Keith Jarrett — todos norte-americanos —, hoje não é possível ignorar os enormes contributos para a renovação do som desse instrumento vindos de artistas como Tigran Hamasyan (nascido na Arménia), Amaro Freitas (do Brasil)m Vijay Iyer (americano, mas filho de imigrantes indianos) ou Nduduzo Makhathini, pianista nascido em 1982 em Pietermaritzburgo, África do Sul, que esta sexta-feira se estreia em Portugal com um concerto no Auditório da Academia de Música de Espinho.
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