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Em “2000 A.D.”, Samuel Úria contempla as nossas ilusões: porque precisávamos destas canções de protesto

2025 verá Samuel Úria estrear-se nos coliseus de Lisboa e Porto: a 11 de outubro na capital, a 17 na Invicta
2025 verá Samuel Úria estrear-se nos coliseus de Lisboa e Porto: a 11 de outubro na capital, a 17 na Invicta
Joana Linda

Samuel Úria podia estar melhor se o mundo fosse diferente. Para instigar a mudança, fez o que lhe compete: “2000 A.D., uma série de canções em que se protesta como antigamente. É um dos melhores álbuns do ano

Samuel Úria não gosta deste presente e por isso sonha com o futuro. Ou talvez com o passado. Com um tempo — o ano 2000 — que já foi um promissor amanhã e que afinal revelou ser uma coisa mais sombria. Foi um tempo para o qual se projetaram mudanças que afinal não chegaram, mas que ainda vão a tempo de se tornar reais. Para isso é urgente elevar a voz, pegar em canções e despertar consciências. Como dantes. É dessa inquieta e agitadora matéria poética que se faz “2000 A.D.”, álbum repentista em que Samuel Úria veste o fato de combate por cima das suas vestes normais de trovador gospel e volta a deixar que a inquietação que lhe agitou as “Canções do Pós-Guerra” se manifeste em nove palavrosas rajadas que acertam em cheio na dormência que nos envolve. “Avesso da mordaça entrou-nos nos planos/ E o progresso já fez mais de 100 anos”, alerta no tema que dá título ao álbum, fazendo depois do refrão um guia de marcha: “Eu declaro o presente hostil/ Vou avançar para o ano 2000/ Sigo urbano, sigo civil, vai ser melhor em 2000.” Dantes é que vai ser. Estranheza que só os bons artistas dominam, esse ‘dantes’ parece rimar com ‘agora’.

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