No início foi o silêncio. Nascido em Amarante no início da década de 80, Marco Rodrigues mudou-se com a família para Arcos de Valdevez, no Alto Minho, quando tinha 8 anos. Na infância habituou-se a acompanhar o pai, que tocava acordeão, em feiras, bailes e outras festas populares. Ao todo, calcula que tenha atuado em “centenas de arraiais”, frequentemente em “condições deprimentes. Muitas vezes os palcos estavam mal montados e chegava a levar choques de microfone”, recorda. Acima de tudo, o cenário a que desde cedo se acostumou foi o da falta de atenção por parte do público. Nas festas onde marcava presença, cantando e tocando no conjunto do pai, “as pessoas não queriam saber se a música era boa ou má. Só queriam era beber cerveja e dançar. [Aplicava-se] a velha máxima de ‘para quem é, bacalhau basta’”. Por isso, quando aos 15 anos, e após o divórcio dos pais, passou a fazer de Lisboa a sua casa, o “choque social” fez-se sentir, a vários níveis. Se inicialmente achou estranho que os vizinhos, na Avenida Almirante Reis, não lhe retribuíssem os bons-dias, depressa encontraria motivos para se apaixonar pela capital e em especial pela música que viria a tornar-se a sua: o fado.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: LIPereira@blitz.impresa.pt