A 22 do próximo mês de agosto, celebram-se os 30 anos da publicação de “Dummy”, álbum de estreia dos Portishead, trio de Bristol constituído por Beth Gibbons (voz), Geoff Barrow (produção e multi-instrumentista) e Adrian Utley (guitarra). Oriundos do que ficaria conhecido como “The Bristol Scene”, agregação informal de músicos e artistas do panorama alternativo local — Tricky, Massive Attack, Alpha, o ‘street artist’ Banksy —, seria, essencialmente, a eles que ficaríamos a dever o que veio a designar-se como trip-hop: uma tapeçaria sonora na qual, em doses infinitesimais, funk, jazz, hip-hop, bandas sonoras (John Barry, Lalo Schifrin, Ennio Morricone), soul, eletrónica e experimentalismos vários se articulariam numa descendência contemporânea da torch song em registo neo-noir e de ressonâncias lynchianas. Beth escrevia textos dilacerantemente íntimos que Geoff não se esforçava por compreender (“Ele não faz a menor ideia do que eu estou a cantar. Não lhe interessa e admite-o sem problemas”, confessaria, então, Beth), mas que, na sua missão de sound designer e garimpeiro de beats, com a contribuição de Utley, reconfigurava como estojos sonoros ideais.
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