
A separação de Alice Coltrane do peso do apelido de John consuma-se. A gravação, até aqui inédita, de um concerto de 1971 no Carnegie Hall, em Nova Iorque, é a peça que faltava
A separação de Alice Coltrane do peso do apelido de John consuma-se. A gravação, até aqui inédita, de um concerto de 1971 no Carnegie Hall, em Nova Iorque, é a peça que faltava
Ao tomar o apelido Coltrane em 1965, Alice Lucille Mcleod aceitou carregar um considerável peso para o resto da vida. A pianista nascida em Detroit em 1937 contava somente 30 anos quando o seu marido, com quem esteve casada um par de anos, faleceu, vítima de um cancro no fígado. Alice, que estudou com Bud Powell em Paris, tocou com o saxofonista Lucky Thompson e com os vibrafonistas Terry Pollard e Terry Gibbs, além de liderar o seu próprio trio — tudo antes de ter conhecido John Coltrane —, assinou ainda uma considerável discografia como líder após o desaparecimento do autor de “A Love Supreme”. No entanto, os seus notáveis méritos artísticos foram sendo secundarizados ao longo das décadas que se seguiram à morte de John Coltrane, com o intenso e inescapável processo de canonização do saxofonista a dificultar consideravelmente a devida valorização da sua obra. É sintomático que só em dezembro de 2022 se tenha publicado a primeira biografia crítica da pianista e harpista — “Monument Eternal: The Music of Alice Coltrane”, tese académica de Franya Berkman —, contraste absoluto com as dezenas de títulos publicados em torno da vida e da obra do autor de “Giant Steps” e “Blue Train”.
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