As playlists são como os caldos ou as reduções culinárias: uma concentração de sabores que aproveita o melhor de cada época, de cada escola ou temática, para apresentações bem “empratadas”, mas que tendem a deixar de fora muitos outros “nutrientes” igualmente saborosos. E é assim com a música também. Depois de tantas compilações – e playlists.... – com o melhor dos anos 80, dos anos 90 ou do arranque deste milénio, com o melhor do rock que se fez e faz em Portugal, ou com as canções de amor, de revolução, de verão ou de qualquer outra estação, ainda há cantos e recantos da nossa memória que parecem não caber em nenhuma dessas gavetas, música que (in)convenientemente o tempo por alguma razão esqueceu, que as rádios já não tocam, que não mereceu relançamentos mediáticos e que, no entanto... existe.
Partindo ainda dos alvores dos anos 80 e só nos detendo já a meio da primeira década deste milénio, fomos em busca de música que a memória coletiva (quase) esqueceu, música que o tempo não consagrou, música que, nalguns casos, mal foi escutada quando saiu. E por aqui se encontram nomes conhecidos e outros que não o são, nomes que conseguiram agarrar-se ao futuro e conquistaram um lugar no presente e outros que nunca escaparam do passado, esse lugar por vezes escuro onde certas jóias parecem perder o brilho.
E há por aqui de quase tudo: pop leve e saltitante e música séria, daquela que queria ajudar a mudar o país; música acústica e eletrónica, música com guitarras elétricas, com vozes que cantam em inglês e português, música de homens e mulheres que merecem pelo menos que relembremos que existiram. De vez em quando, pelo menos, sempre que nos cansamos daquelas listas que só nos dão aquilo que já conhecemos.
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