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O relato arrepiante de um sobrevivente da rave de Israel: “Senti-me caçado. Tentaram matar todos os que estavam no festival”

O relato arrepiante de um sobrevivente da rave de Israel: “Senti-me caçado. Tentaram matar todos os que estavam no festival”
Getty Images

Amir Ben Natan, fã israelita de música eletrónica de 37 anos, descreveu à “Rolling Stone” aquilo que viveu durante o ataque do Hamas ao festival de trance psicadélico Universo Paralello, que se realizou perto da Faixa de Gaza. “Vi um arbusto e escondi-me lá com uma série de outras pessoas. Lá fora, era uma guerra. Estive no exército, mas nunca ouvi nada assim”

Um sobrevivente israelita do ataque do Hamas à rave Universo Paralello, que se realizou perto da Faixa de Gaza, a 7 de outubro, relatou “o pesadelo” que viveu à revista “Rolling Stone”. “Não imaginávamos que centenas de terroristas pudessem invadir Israel desta forma. Senti-me caçado. Tentaram matar-me e a todos os que estavam no festival. Estávamos completamente desamparados. Éramos civis desarmados que só queriam divertir-se”.

Amir Ben Natan, de 37 anos, residente na cidade israelita de Herzliya, explica que inicialmente ninguém na rave deu grande importância aos avisos porque estão habituados a ataques pontuais, mas que rapidamente a situação escalou para o cenário de horror que terminou com mais de duas centenas de mortos e muitos capturados pelo grupo islamista palestiniano.

“Estava na festa com os meus amigos, a dançar e a divertir-me, quando subitamente ouvimos um alarme”, começa por descrever Natan, “pararam a música e disseram que estavam a disparar rockets de Gaza. Deram a festa como terminada e mandaram-nos embora. Não entrámos em pânico, inicialmente, porque, infelizmente, a vida é assim nesta zona de Israel”.

O sobrevivente explica que ele e os amigos pensaram que “se algo acontecesse, seria só um incidente”. “Não conseguíamos imaginar que tínhamos tantos terroristas à nossa volta, que tinham invadido Israel”, continua, “tentámos ir de carro dali para fora, mas depois as pessoas começaram a fugir dos carros em pânico. Estava mesmo a acontecer. Comecei a correr e perdi-me dos meus amigos”.

“Vi um arbusto e escondi-me lá com uma série de outras pessoas durante uma hora ou assim”, continua, “a dado momento um polícia israelita chegou e disse-nos que tínhamos de sair dali. Saí do arbusto e vi uma rapariga deitada na estrada. Inicialmente, pensei que pudesse estar a tentar proteger-se das balas, mas provavelmente foi assassinada (…) escondi-me noutro arbusto com mais 10 pessoas durante duas ou três horas. Lá fora, era uma guerra. Estive no exército, mas nunca ouvi nada assim. Balas, mísseis, granadas. Era o caos total”.

Natan acrescenta que a dado momento soldados israelitas o transportaram, e a outros sobreviventes, para a esquadra da polícia de uma cidade vizinha, Ofakim, mas que também não se sentiu seguro lá e acabou por conseguir regressar a casa, à boleia, junto com outros sobreviventes. “Os meus amigos, felizmente, também sobreviveram, mas um deles levou um tiro nas costas. Contou-me que nem se apercebeu disso até estar a salvo. Estava com a mulher dele, que também foi alvo de tiros. Uma rapariga com quem se esconderam foi assassinada à frente deles”.

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