Há cinco anos, os Arctic Monkeys estrearam no NOS Alive uma nova pele. Com “Tranquility Base Hotel & Casino” então editado há apenas dois meses, a banda parecia procurar adaptar-se à sonoridade mais lenta, sofisticada e quase lounge que experimentou nesse disco. A juntar a essas dores de crescimento, e tanto quanto a nossa memória pré-pandemia consegue reproduzir, nessa noite de julho de 2018 a energia da rapaziada de Sheffield não atingiu níveis exuberantes. “Paciência, eles hão de voltar”, costuma pensar-se nestas ocasiões de relativa desilusão. E assim aconteceu: primeiro no verão passado, para um concerto na primeira edição do MEO Kalorama, em Lisboa, e neste serão ameno de julho, para aquele que foi o seu terceiro espetáculo no festival, pelo qual passaram, também, em 2014.
Na comparação direta com o concerto de 2018, a impressão não podia ser mais positiva. Em 2023, e depois de mais um álbum numa toada semelhante à de “Tranquility Base…” - “The Car”, lançado no ano passado -, os Arctic Monkeys parecem mais confortáveis nesta sua nova direção. Num palco de desenho simples, mas elegante, onde o único elemento que se destaca é uma bola de espelhos gigante, ‘materialização’ da canção ‘There’s Better Be a Mirroball', Alex Turner, Jamie Cook, Nick O'Malley e Matt Helders, acompanhados por alguns músicos que ajudam a compor o som de palco, mostram-se uma banda adulta, sim, mas não enfadonha, e disposta a mergulhar no seu passado recente com mais convicção do que nostalgia. Quando a Alex Turner, dir-se-ia que, de tanto que cresceu como performer e, sobretudo, como intérprete, o fato finório - de crooner e entertainer - já lhe assenta melhor.
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