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Primavera Sound Porto: a electropop-sedução de Alison Goldfrapp traz lantejoulas do passado e vapores de futuro

Recuperando alguns dos momentos mais efervescentes do percurso do duo com o qual se celebrizou, há mais de duas décadas, Alison Goldfrapp mostrou no festival do Porto a sua nova vida a solo

Primavera Sound Porto: a electropop-sedução de Alison Goldfrapp traz lantejoulas do passado e vapores de futuro

Rita Carmo

Fotojornalista

Não é uma desconhecida dos palcos nacionais, mas Alison Goldfrapp aterrou no Primavera Sound Porto com uma nova proposta para apresentar: agora a solo, sem o parceiro habitual, Will Gregory, pegou na vertente mais dançável do projeto que com ele fundou, na viragem do milénio, e empregou-lhe uma boa dose de sedução futurista. Algures entre uma Robyn menos polida e uma Kylie Minogue em modo expansivo, Goldfrapp equilibrou a sua atuação no palco principal do festival portuense com umas bem celebradas viagens ao passado e os momentos mais certeiros do seu recente álbum de estreia em nome próprio, “The Love Invention”.

Do alto de umas botas azuis brilhantes, e envergando uma capa de lantejoulas a condizer, arrancou a atuação precisamente com a irrequieta canção que dá nome ao disco, mas a sua festa electro-futurista rapidamente recuou bem lá atrás para reapresentar ‘Train’ – de um “Black Cherry” que acabou de completar 20 anos – a uma nova geração de público. “Devem conhecer esta”, atirou, no início, mas olhando em volta diríamos que haverá muito quem não conheça – porque talvez, mas só talvez, ainda não fosse nascido quando a canção ganhou vida.

A voz sussurrante de Goldfrapp foi-se agigantando, e serpenteando entre chuva de sintetizadores e batidas densas, arriscando até um ou outro falsete, numa atuação que tanto entrecruzou umas provocadoras ‘Gatto Gelato’ e ‘So Hard So Hot’ com ‘Rocket’, o momento mais “eurovisivo” dos seus Goldfrapp, como se deixou envolver no vapor de ‘In Electric Blue’, depois de apostar na efervescência de ‘Ooh La La’.

Trocando elogios ocasionais com o público, a artista britânica deixou ainda bons trunfos guardados para o final: ‘Ride a White Horse’ e ‘Strict Machine’, canções que ajudaram a cimentá-la como rainha das pistas de dança na primeira metade da década de 00 – “Vocês conhecem isto! Vamos lá mover-nos um pouco” – e ‘Fever’, que com as suas batidas fortes e melodia planante se afirma como uma das canções mais infeciosas de “The Love Invention”.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: MRVieira@blitz.impresa.pt

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