Tudo é mais fácil para os Pearl Jam do que para as mulheres na música: o ensaio de Courtney Love no “The Guardian”
Courtney Love
Edward Berthelot/Getty Images
Courtney Love critica fortemente a forma como as mulheres são encaradas na música, não poupando o Rock and Roll Hall of Fame e citando os Pearl Jam como exemplo das desigualdades
Courtney Love escreveu um longo ensaio no jornal britânico “The Guardian” sobre a forma desigual como as mulheres são encaradas no mundo da música, especialmente as que se dedicam ao rock, mas não só. O texto surge a propósito do diminuto número de mulheres que entraram para o Rock and Roll Hall of Fame ao longo dos anos, quando comparando com o número de homens.
Não poupando nas críticas ao Hall of Fame, a artista norte-americana chega mesmo a citar os Pearl Jam para fazer uma comparação: “A barra está visivelmente mais baixa para os homens saltarem por cima dela (ou deslizarem por baixo). O Rock Hall reconheceu os Pearl Jam uns quatro segundos depois de eles se tornarem elegíveis – por outro lado, a Chaka Khan, elegível desde 2003, vai definhando com sete nomeações”.
Nirvana, com Courtney Love, no Rock And Roll Hall of Fame (2014)
Love enumera também uma série de mulheres que demoraram a ser reconhecidas pelo Rock and Roll Hall of Fame – casos de Nina Simone, Tina Turner ou Sister Rosetta – e fala do caso específico de Kate Bush, que está novamente nomeada este ano, ao lado de artistas como Sheryl Crow, Missy Elliott, Cyndi Lauper ou Meg White, pelos White Stripes – concorrendo com, entre outros, os Iron Maiden, Joy Division/New Order e Rage Against the Machine.
“Se tão poucas mulheres entram para o Rock Hall, então o comité de nomeação está corrompido. Se tão poucos artistas negros, tão poucas mulheres negras entram, então o processo de votação tem de ser revisto”, conclui Love, “se o Rock Hall não está disposto a olhar para a forma como replica a violência do racismo e sexismo estruturais que os artistas enfrentam na indústria musical e não consegue honrar o que artistas mulheres visionárias criaram, inovaram, revolucionaram e contribuíram para a música popular, então que vá para o inferno numa mala de mão”.
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