Larry Mullen Jr., baterista de sempre dos U2, não seguirá em digressão com a banda se esta decidir regressar à estrada em 2023. Segundo declarações do músico ao jornal Washington Post, na base dessa decisão estão problemas de saúde. Na sua “primeira entrevista em sete anos”, integrada num artigo intitulado “Os U2 estão juntos desde 1976. Nem sempre foi fácil”, publicado esta semana, Mullen explica que precisa de se submeter a uma cirurgia para continuar a tocar, deixando também no ar que a dinâmica na banda está diferente, o que poderá levar ao seu fim.
“Só fazes isto se estiveres a divertir-te e nem toda a gente vai conseguir continuar porque o preço a pagar é muito alto”, começa por dizer o baterista, “portanto, penso que o desafio é haver uma maior generosidade. Mais abertura ao processo. Sou autónomo e valorizo a minha autonomia. Não rezo à mesma versão de Deus. Toda a gente tem os seus limites. E só fazes isto se estiveres mesmo a divertir-te, sabes?”.
Estas declarações chegam num momento em que Bono se prepara para editar, em 2023, um disco com versões “despidas” das canções que levou ao palco nas apresentações do seu livro autobiográfico “Surrender: 40 Canções, Uma História”. A banda tem também um novo álbum de originais quase finalizado, intitulado “Songs of Ascent”, mas Bono e The Edge confessaram ao Washington Post que não têm a certeza de quando o irão editar. O disco sucederá a “Songs of Innocence” de 2014 e “Songs of Experience” de 2017.
Paralelamente a esse eventual novo álbum, The Edge assume ter escrito “furiosamente” durante a pandemia e Bono quer adicionar essas novas canções a concertos vindouros. O vocalista assume também que a nova música dos U2 deverá ser mais ruidosa e guiada pela guitarra de The Edge. “Sinto que se conseguirmos destilar isso nestas próximas sessões de estúdio poderemos criar o álbum de guitarras que todos queremos fazer. Não sei se conseguiremos captar a atenção das pessoas para um álbum inteiro, mas e se for um EP ou apenas uma canção que possa explodir? Não precisamos dela nas tabelas da pop, mas que as pessoas a façam circular. Penso que queremos isso”.
Ainda no artigo do Washington Post, Bono assume: “Nós ficamos à beira de nos separar muito mais vezes do que as pessoas pensam”, acrescentando que tal acontece especialmente depois de a banda editar “álbuns verdadeiramente bons”. “Esses álbuns têm um grande impacto nas nossas relações pessoais porque estamos ali a empurrar-nos uns aos outros e levamo-nos ao limite”. O vocalista recorda que ‘One’, um dos maiores sucessos dos U2, “salvou-os” quando estavam a gravar “Achtung Baby”, de 1991. “Nós precisávamos de ouvir aquilo mais do que o público. Essa canção acabou por ser acerca do nosso desejo de nos mantermos juntos. ‘Somos um, mas não somos o mesmo’. Isso é o mote da nossa banda”.
Recorde-se que Bono levou, recentemente, “Surrender: 40 Canções, Uma História” a uma série de palcos norte-americanos e europeus, tendo-se apresentado no Teatro Coliseum, em Madrid, a 28 de novembro, perante uma plateia de 1400 pessoas. A acompanhá-lo, no espetáculo de duas horas em que tocou 14 temas dos U2, esteve uma banda composta pelo produtor e teclista Jacknife Lee, a harpista Gemma Doherty e a violoncelista Kate Ellis. Entre relatos de algumas das histórias pessoais incluídas no livro, Bono interpretou temas como ‘Vertigo’, ‘Where the Streets Have No Name’ ou ‘Beautiful Day’.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt
Assine e junte-se ao novo fórum de comentários
Conheça a opinião de outros assinantes do Expresso e as respostas dos nossos jornalistas. Exclusivo para assinantes