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40 anos da Sétima Legião: a homenagem a Ricardo Camacho, o discreto ‘arquiteto’ da modernidade pop portuguesa dos anos 80

40 anos da Sétima Legião: a homenagem a Ricardo Camacho, o discreto ‘arquiteto’ da modernidade pop portuguesa dos anos 80
Divulgação

Foi pilar da modernidade que a música portuguesa começou a desenhar na década de 80, quando uma nova geração assumiu que as canções não estavam obrigadas a ser espaços doutrinários. O teclista da Sétima Legião, falecido em 2018, será agora homenageado pelos seus companheiros em dois concertos comemorativos do 40º aniversário de formação da banda, quinta e sexta, na Culturgest, em Lisboa. Recordamos o percurso de Ricardo Camacho num texto originalmente publicado aquando da partida do músico e médico

Ricardo Camacho começou, na verdade, por ser aspirante a médico quando chegou a Lisboa no arranque dos anos 70, vindo da Ilha da Madeira, onde nasceu em 1954. A primeira fase universitária não resistiu ao apelo da música, interesse que mantinha desde criança, quando iniciou estudos na Academia de Música da Madeira. Iniciou-se na na rádio, foi realizador no programa 'Rock em Stock', de Luís Filipe Barros, e não demoraria a aproximar-se da Valentim de Carvalho.

"Ainda estudava e começou a trabalhar comigo na parte de Artista & Repertório Internacional”, recorda hoje à BLITZ Francisco Vasconcelos, atual diretor da editora de Paço de Arcos. "Ajudava-me a ouvir os discos que recebíamos, as maquetas, para planearmos as edições". Nesta editora trabalhava também, no arranque dos anos 80, Nuno Rodrigues, músico da Banda do Casaco à época a braços com um artista especial chamado António Variações. Camacho foi chamado a deixar o seu toque especial nos teclados no single de estreia de Variações, “Estou Além”, que tinha “Povo Que Lavas no Rio” no Lado B, e que chegaria às lojas em 1982.

Descrito por David Ferreira como “uma peça importantíssima na carreira de António Variações” (nas páginas da biografia do malogrado cantor, assinada por Manuela Gonzaga), Ricardo Camacho já tinha na altura trabalhado com os GNR e com Manuela Moura Guedes (é autor da música e toca no single 'Foram Cardos, Foram Prosas', que contava com letra de Miguel Esteves Cardoso) e sentia-se bastante próximo de uma vanguarda pop nacional: “Se a produção fosse minha tinha ido buscar o Tóli [César Machado] e o Vítor Rua, com quem estava mais habituado a trabalhar no âmbito dos GNR”, recordava Camacho à escritora Manuela Gonzaga, quando foi questionado sobre esse primeiro momento da discografia de Variações. “Entretanto ninguém parecia entender o que o António queria. E eu pedi: deixem-me ficar sozinho com ele, vão tomar um café. Ele queria fazer uma versão do 'Povo Que Lavas no Rio', o que era muito corajoso. Pegar numa coisa da Amália, já é corajoso, mas logo aquela! Eu pergunto-lhe, António, queres que isto soe como? E ele diz aquela frase emblemática: “entre Nova Iorque e a Sé de Braga”.

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