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Techno à hora do jantar? O frio de Kelly Lee Owens no Vodafone Paredes de Coura

Kelly Lee Owens não teve sorte com a 'promoção' ao palco principal do festival de Paredes de Coura, sobretudo num horário 'nobre' que ganharia com outra simbiose como o público. Sozinha em palco, a cantora e produtora galesa fez o que pôde. Mas os festivaleiros, ainda que respeitosos, perceberam que estavam no 'filme' errado

Hábil tecelã de uma música eletrónica que tanto descansa em paisagens dream pop como no tecno mais aguerrido, a galesa Kelly Lee Owens esteve inicialmente escalada para o palco secundário deste penúltimo dia do Vodafone Paredes de Coura, num horário de fim de tarde dado a descobertas.

Promovida ao palco principal devido à passagem do concerto dos BadBadNotGood para um dia anterior, a artista - sozinha em palco com a sua maquinaria - deu um espetáculo demasiado hermético e descarnado para um palco que merecia, às 21h45, um nome mais mobilizador. Talvez merecesse uma banda, económica que fosse, e não um debitar de música pré-gravada, com completo cabimento num 'live act' de festival 'boutique' ou num 'after hours' mais hedonista, mas um tanto ou quanto 'barato' a esta hora numa sexta à noite de Paredes de Coura.

Começando com canções mais lentas e delicadas, Owens acabaria por enveredar por uma direção mais agressiva, culminando num tecno madrugador que nos levou a olhar para o relógio: ainda não são 11 da noite, apesar de a música nos empurrar para as 4 da matina, aquela hora em que olhar para o palco talvez não seja assim tão importante. A multidão, excetuando as filas da frente, não reagiu com grande entusiasmo. É cedo demais.

Sem história, um concerto que teria sido mais do que apropriado num espaço mais aconchegante e com os indefetíveis do seu lado - discos como "Kelly Lee Owens", de 2017, e "Inner Song", de 2020, justificam-no mais do que o último - revelou-se um sonoro 'apagão'.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: lguerra@blitz.impresa.pt

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