Blitz

Capicua no Super Bock Super Rock: "O que é que a gente faz depois de um concerto do C. Tangana? Faz a festa!"

Ainda a vibrar com o concerto triunfal de C. Tangana no palco principal, Capicua foi chamando cada vez mais espectadores ao palco-Cinderela que, com o avançar da noite, troca de nome e de identidade. No concerto da rapper, houve espaço para a crítica e para o romance, para o feminismo e a festa

Capicua no Super Bock Super Rock: "O que é que a gente faz depois de um concerto do C. Tangana? Faz a festa!"

Lia Pereira

Jornalista

Capicua no Super Bock Super Rock: "O que é que a gente faz depois de um concerto do C. Tangana? Faz a festa!"

Rita Carmo

Fotojornalista

Nesse tempo mítico que antecedeu a pandemia, Capicua fez um álbum "sobre transformar grãos de areia em pérolas". A importância dessa alquimia, explicou esta noite a rapper do Porto, viria a revelar-se vital durante os meses em que vivemos confinados em casa, a braços com um mundo novo, e feio, no qual era urgente continuar a encontrar alguma beleza. "Madrepérola", o terceiro longa-duração de Ana Fernandes, fortemente marcado pela experiência da maternidade, deveria ter sido apresentado no Super Bock Super Rock em 2020. Dois anos de cancelamentos e frustrações depois, eis-nos frente a uma das mais brilhantes letristas da sua geração no palco-Cinderela do festival, que com o avançar da noite se transforma de palco EDP em palco Somersby.

"Dois anos à espera disto!", começou Capicua por exultar, referindo-se também ao triunfal espetáculo do espanhol C. Tangana, a que acabara de assistir "O que é que a gente faz depois do concerto de C. Tangana? Faz a festa!", apresenta, abrindo a celebração com 'Planetário', a canção que, em "Madrepérola", conta com a voz da brasileira Mallu Magalhães. Seguiu-se uma viagem até "onde tudo começou, a Nacional 12", disse, referindo-se ao hino nortenho 'Circunvalação'. Por esta altura, señor Tangana já se despedira do público português na Altice Arena, pelo que à Sala Tejo começam a chegar mais espectadores, com as letras na ponta da língua e bem a tempo de participarem na festa que é invariavelmente 'Vayorken'.

Como quem partilha páginas da sua vida, Capicua oferece festa old school, em 'Vayorken' ou 'Gaudi', mas também crítica social veemente ('Jugular') ou clássicos como 'Casa no Campo', que confessa não conseguir tirar do alinhamento há dez anos, altura em que saiu o seu primeiro álbum. Em 'Fumo Denso', canção atmosférica que gravou com DJ Ride, tenta uma abordagem "mais afro", e em 'Alfazema' mobiliza as mulheres da plateia, debitando - sem instrumental a acompanhar - as fortíssimas palavras: "Não foi p’ra isso que nasci uma mulher/Não vou cumprir com a puta da expectativa/Não é para ela que oriento a minha vida". É a introdução perfeita para 'Maria Capaz', a canção que há uma década serviu de cartão de visita de "Capicua" e de manifesto desta comandante da guerrilha cor-de-rosa, uma mulher sem medo do mundo.

Atualizado às 03h58: enquanto esperávamos por DaBaby na Altice Arena, Capicua chamou ao palco Lena d'Água, para com ela replicar a colaboração de "Madrepérola", 'Último Mergulho'. O momento foi registado pelos fãs em stories do Instagram partilhadas pela artista:

Loading...

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: LIPereira@blitz.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate