Super Bock Super Rock de volta ao Parque das Nações: “Acho que foi a decisão certa, mas fiquei um bocadinho triste”
Super Bock Super Rock 2022
Rita Carmo
Super Bock Super Rock 2022
Rita Carmo
114
O planeado regresso ao Meco transformou-se, por motivos de força maior, um festival urbano. A mudança não desiludiu toda a gente: a BLITZ ouviu festivaleiros que ficaram contentes com a "logística" mais facilitada de um evento na cidade
Montado em tempo recorde no Parque das Nações, em Lisboa, quando o que estava previsto era um regresso às areias do Meco, o Super Bock Super Rock arrancou nesta tarde de quinta-feira com uma tranqulidade que não denota o frenesim dos preparativos. Ao invés da Herdade do Cabeço da Flauta, cenário veraneante e escapista, o festival que já teve mil vidas voltou a vestir a sua pele urbana, agora em versão reduzida.
Os dois palcos principais, por onde passarão, esta noite, o cabeça de cartaz A$AP Rocky ou as espanholas Hinds, estão alojados no interior da Altice Arena, desfilando os "novos valores" da música portuguesa pelo palco montado no exterior do recinto. É neste perímetro que se encontram, também, várias bancas para alimentar o povo festivaleiro (há sushi, gelados e opções vegetarianas, mas também um autêntico veterano destas andanças, o cachorro psicológico) e algumas presenças publicitárias mais inesperadas, como uma barbearia onde alguns mancebos aproveitam para refrescar o visual.
"Viva, festivaleiros de alcatrão!", é a saudação do Conjunto Cuca Monga para as poucas dezenas de espectadores que, ao final da tarde, assistem ao seu sarau. Saídos diretamente do confinamento, altura em que começaram a tocar à distância, para a vida dita real, os 14 (!) músicos em palco oferecem um mix pop, reggae e latino de canções. "É uma alegria estar num festival que já tem 26 anos", diz a certa altura Tomás Wallenstein, vocalista dos Capitão Fausto, a "banda-mãe" do Conjunto Cuca Monga. "Não era isto que nos ia parar", salienta, referindo-se à mudança de localização do festival, e lembrando que o papel dos músicos é "unir as pessoas".
Igualmente otimistas mostraram-se os espectadores com quem falámos. Anthony e Amy, de Inglaterra, estão pela primeira vez no SBSR e, apesar de terem ficado desiludidos com a mudança de local ("Isto teria sido fantástico na praia!"), vão aproveitar que estão em Portugal para visitarem a zona costeira - até porque vieram "de barco de Santander", Espanha. A$AP Rocky e Sports Team são os artistas que despertam a sua curiosidade.
Já Tiago e Marta, de Almada, querem sobretudo ver Flume e Woodkid, ao passo que Hugo e Joana, pela primeira vez no festival, estão a contar as horas para verem A$AP Rocky e ficaram satisfeitos com a 'convocatória' de T-Rex para o lugar de Boy Pablo. Para estes amigos, a troca do Meco pelo Parque das Nações foi uma boa notícia. "Nós trabalhamos amanhã e voltar do Meco seria muito difícil", diz Joana, contente com a "organização do recinto".
"Acho que foi a decisão certa, mas fiquei um bocadinho triste", assume Andreia, de 26 anos, sobre a passagem do festival do Meco para Lisboa, "se estivéssemos lá e acontecesse alguma coisa não íamos conseguir sair. Lembro-me que no dia de Lana Del Rey, em 2019, o pessoal esteve imenso tempo para conseguir sair do parque de estacionamento. Imagino que, se houvesse pânico, ainda era pior". Diz que "já tinha tudo pronto, malas feitas, tenda a postos", ansiosa pela "experiência de acampar, de estar ao pé da praia", mas que "por um lado, também me dá jeito, porque moro aqui ao pé. Fico a dormir em casa". Andreia veio ao Super Bock Super Rock para assistir aos concertos de Metronomy, A$AP Rocky, Flume e Foals, principalmente. "Também queria ver algumas coisas que estavam nos cartazes anteriores, como Brockhampton, por exemplo, mas acho que o cartaz está bom".
Joana, Ivo e André só vêm a este primeiro dia de Super Bock Super Rock - para assistir aos concertos de A$AP Rocky, Metronomy e Flume - e assumem que, por essa razão, "não houve assim tanto problema" quando foi anunciada a relocalização. Ainda assim, assumem que preferem "o ambiente do Meco", porque "é mais aberto, mais festival de verão". "Mas chegar cá é mais fácil", diz Ivo, de 20 anos, "nós não somos de longe, protanto não faz assim tanta diferença. Para aqui há mais transportes". Joana diz que a maior diferença reside mesmo no "ambiente": "quando estamos em terreno, com mais árvores, em termos de festival acaba por ser melhor. Aqui é um dia normal. No Meco, que é um espaço aberto, podemos estar à vontade". Ivo concorda, "aqui parece que estou a vir a um concerto e não a um festival. Se fosse para o Meco havia a energia de festival, aqui não há tanto".