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Super Bock Super Rock: presidente da Câmara de Sesimbra diz que a realização do festival depende do Governo e da Proteção Civil

Super Bock Super Rock: presidente da Câmara de Sesimbra diz que a realização do festival depende do Governo e da Proteção Civil
Rita Carmo

Francisco de Jesus, edil de Sesimbra, entende que uma decisão em torno da realização do festival Super Bock Super Rock terá de ser tomada até ao final de terça-feira, depois de receber mais informações do Governo e da Proteção Civil. O primeiro-ministro António Costa assegurou esta segunda-feira que não se abrirão exceções à proibição de atividades em zonas florestais, nomeadamente festivais de verão

O presidente da Câmara Municipal de Sesimbra, Francisco de Jesus, entende que o Governo e a Proteção Civil deverão enviar mais informações à autarquia para que uma decisão sobre a realização do festival Super Bock Super Rock, agendado para os dias 14, 15 e 16 na Aldeia do Meco, possa ser tomada até ao final de terça-feira.

Em declarações à TSF, o autarca afirma que "todas as entidades da comissão municipal da Proteção Civil, com exceção da GNR, aguardam a possibilidade de um parecer ou de uma informação que possa ser complementar à que nós temos, por parte da Proteção Civil distrital ou nacional, por forma a fundamentarmos e termos obviamente a decisão mais responsável em função daquilo que for a avaliação feita a nível nacional". Falta, segundo Francisco de Jesus, informação sobre os "indicadores de risco" e que a Proteção Civil "nacional ou distrital" informe sobre se é possível realizar o festival e em que condições", reconhecendo que "é uma situação complexa".

"Se tivéssemos de tomar a decisão hoje, não havia condições para se realizar [o evento]. Esperamos até ao final da linha para perceber se da parte da Autoridade Nacional da Proteção Civil se identifica que há outra possibilidade de localização", continua ao autarca, que ressalva que "o município de Sesimbra não pode ser deixado ao livre-arbítrio", nomeadamente ao permitir que o festival se realize com "avanço de medidas de proteção" e, mesmo assim, "haver um acidente".

Francisco de Jesus reconhece que existe "um desalento enorme por parte do promotor", a Música no Coração, tendo em conta as implicações financeiras "associadas a um potencial cancelamento", sublinhando que a posição da Câmara Municipal de Sesimbra visa também evitar "um conflito judicial entre o promotor e o próprio município".

Esta segunda-feira à tarde, o primeiro-ministro António Costa admitiu que a proibição de atividades nas áreas florestais é "geral" e que “obviamente, não é possível nestas condições climáticas abrir qualquer tipo de exceção”, informando que está a decorrer “um contacto com a organização dos eventos para garantir que não ocorre em área florestal” e que poderá ser necessário "reajustar os eventos a esta realidade", justificou. Segundo Costa, é preferível adiar essas festas ou mudar a sua localização, mesmo que o setor da animação e espetáculos tenha sido dos mais massacrados nos últimos anos. As palavras usadas pelo chefe do governo são "relocalização" ou "reformatação" dos eventos, visando que se realizem no cumprimento da lei.

"Percebi claramente [nas palavras de Costa] que não havia exceções, mas que nos digam que, ao abrigo da lei, não há essas exceções", pede Francisco de Jesus, que à TSF afirma ter dúvidas em relação à declaração do estado de contingência (que deve terminar às 23:59 de sexta-feira, mas que o Ministério da Administração Interna poderá prolongar). O edil de Sesimbra questiona nomeadamente se "o risco e a possibilidade de não realização de atividades culturais se aplica em função do próprio diploma ou na avaliação que se faz do local onde se realiza, partindo do pressuposto que parte do festival se realiza em zona agrícola e outra, que diz respeito ao estacionamento e ao campismo, que é uma área florestal". Recorde-se que o Super Bock Super Rock se realiza num espaço arborizado na Herdade do Cabeço da Flauta, num terreno entre a lagoa de Albufeira e a praia do Meco, no concelho de Sesimbra.

Festival avança reforço de medidas de segurança

Na manhã desta segunda-feira, Luís Montez, diretor da Música no Coração, afirmou à BLITZ que as montagens do festival estão prontas e que o recinto foi limpo há um mês. "Temos um grande dispositivo de bombeiros e viaturas, unidade de Proteção Civil, GNR e segurança privada. Estamos junto ao mar e à Lagoa de Albufeira. Não usamos fogo e muito menos de artifício", assegurou o promotor, acrescentando que se encontra a ser descarregado na Herdade do Cabeço da Flauta o equipamento de som e luz necessário para os quatro palcos do festival.

Esta tarde, enquanto decorria uma reunião da Proteção Civil de Sesimbra sobre o festival, o empresário disse à agência Lusa que a organização do evento está articulada com a Proteção Civil, no atual quadro de “estado de contingência”. “Estamos a tomar medidas de mitigação exigidas pela proteção civil de Sesimbra. Vai haver reforço de bombeiros e segurança para vigiar o campismo e duas viaturas de intervenção rápida. Revista rigorosa à entrada. Completamente proibido cozinhar. A zona de restauração no recinto abre ao meio-dia para quem não for para a praia”, acrescentou Luís Montez, que avança com "recolha de lixo de meia em meia hora", afirmando contar com "um posto de comando da GNR e da Proteção civil permanentes” no recinto.

Além da área para os concertos, o recinto acolhe também uma zona de campismo para os espectadores, cujo acesso é permitido a partir de quarta-feira, véspera do início dos concertos, dia para o qual estão agendados sets de DJ.

Do cartaz desta edição fazem parte nomes como A$AP Rocky, C. Tangana, Foals, DaBaby, Metronomy, Jamie XX, Hot Chip, Capitão Fausto, Capicua, David & Miguel e Conjunto Cuca Monga.

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