2022, o ano em que a música nos volta a juntar. O editorial da revista BLITZ Especial Festivais
Nick Cave ao vivo no NOS Primavera Sound, no Porto, o primeiro grande festival de música de 2022. Em setembro, regressa para o MEO Kalorama, em Lisboa
Rita Carmo
Está nas bancas uma edição especial da BLITZ dedicada aos festivais de música e aos grandes concertos que este ano, após a dura paragem pandémica, volta a ser possível realizar em Portugal. Miguel Cadete, diretor da BLITZ, apresenta este regresso às edições em papel: “em 2022, a música volta a juntar-nos; é para isso que cá estamos”
sei que nos vamos voltar a ver. À hora a que escrevo apresta-se para ter início o primeiro grande festival de 2022 [o NOS Primavera Sound, que terminou no passado sábado no Porto]. Que digo? Na verdade, trata-se do primeiro festival desde que a pandemia de covid-19 assolou o país e o mundo. Desde então passaram dois anos em branco no que respeita a grandes eventos. Dois anos em que os concertos eram sucessivamente adiados e cancelados.
Em meados de março de 2020, quando os Capitão Fausto atuaram no Campo Pequeno naquele que seria o último grande concerto em Portugal, estávamos longe de adivinhar o que aí viria. Meses depois já sabíamos que éramos uma geração que não tinha vivido nenhuma guerra mundial mas que passava pelo sofrimento de uma pandemia global devastadora, não só para os que sofreram a doença ou que com ela morreram mas para todos quantos se viram privados dos seus mais elementares direitos, de bens e serviços, de amigos e familiares, da liberdade. Disse que não tínhamos experimentado uma guerra mundial? Bem, os acontecimentos atropelam-se.
No início deste ano, a Impresa, o grupo editorial a que a BLITZ pertence, foi alvo de um ataque terrorista que destruiu as suas redes informáticas. Ao dia de hoje, muitas ligações ainda estão por reconstruir. E isso afetou gravemente a nossa forma de trabalhar e a maneira como entregamos o serviço aos leitores. A BLITZ online passou a estar alojada no site do Expresso. E os resultados cresceram exponencialmente. Nunca tivemos tantos leitores como nos últimos meses, batendo sucessivamente os recordes de tráfego. Em maio, ficámos à beira da fasquia dos quatro milhões de visitas, um número que faz da BLITZ a maior marca portuguesa de informação sobre música e tudo à volta. Por isso, sei que nos têm visto. E lido.
Parte significativa deste bom desempenho deve-se ao podcast Posto Emissor, que já conheceu mais de cem episódios. É uma antena favorita dos artistas portugueses que ali abrem o coração, dizem o que têm a dizer, comentam o noticiário da semana e acabam a ler um texto, o mais das vezes carregado de poesia. É caso para dizer que nunca se ouviu outro podcast assim. Mas é também sinal da notoriedade da BLITZ e da sua resiliência. A esse propósito, aproveito para recordar que já não falta tudo para completarmos 40 voltas ao Sol. Temos, obrigatoriamente, de celebrar. Espero ver-vos a participar nesses festejos, que acontecerão lá mais para 2024.
Posto isto, não vale a pena esconder que é uma alegria voltar a estar nas bancas, um processo que foi interrompido pelo vírus SARS-CoV-2 mas que agora reatamos para cumprir a missão a que nos dedicámos. É para partilhar as alegrias, e também as agruras que a música nos traz, que cá estamos todos os dias. Agora também numa revista que apresenta os maiores concertos e os grandes festivais deste ano. Em 2022, a música volta a juntar-nos. Repito-me: é para isso que cá estamos.