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O que é que o heavy metal tem a ver com a literatura? Tudo, prova Ricardo S. Amorim, biógrafo dos Moonspell, no seu novo livro

Metallica em 1995 / foto: Getty Images
Metallica em 1995 / foto: Getty Images

"Culto Eléctrico" é o título do livro que explora a relação entre heavy metal (e rock, num sentido mais lato) e literatura. O autor é Ricardo S. Amorim, jornalista e biógrafo dos Moonspell, e a apresentação acontece esta sexta-feira, 3 de junho, em Lisboa, com condução de Fernando Ribeiro

O que é que o heavy metal tem a ver com a literatura? Tudo, prova Ricardo S. Amorim, biógrafo dos Moonspell, no seu novo livro

Lia Pereira

Jornalista

A relação entre heavy metal e literatura é o mote de "Culto Eléctrico", o novo livro de Ricardo S. Amorim, jornalista e melómano português que, em 2018, escreveu a biografia dos Moonspell, "Lobos que Foram Homens". Composto por dezenas de crónicas que exploram essa ligação entre a música rock e a obra de grandes escritores, o livro é apresentado esta sexta-feira, 3 de junho, na FNAC do Colombo, em Lisboa, pelas 18h30. Presente estará Fernando Ribeiro, vocalista dos Moonspell e autor do prefácio de "Culto Eléctrico".

À BLITZ, Ricardo S. Amorim explicou que o seu novo livro nasceu dos artigos "mais históricos, retrospetivos e de investigação" que começou a escrever para a revista portuguesa "Loud". Cansado das entrevistas "rotineiras" sobre novos lançamentos, o lisboeta inspirou-se no exemplo de revistas inglesas como "Uncut", "Mojo" e "Classic Rock" e começou a publicar artigos mais longos, e não tão ancorados na atualidade, sobre bandas clássicas como os Led Zeppelin.

Entretanto, o autor foi convidado por Fernando Ribeiro para escrever a biografia dos Moonspell, "Lobos que Foram Homens", e também para publicar na revista "Bang!", da editora Saída de Emergência, também ligada à banda portuguesa. Aí, começou a explorar a "grande influência da ficção científica" na obra de Iron Maiden ou David Bowie, nomeadamente no período "Space Oddity" (1969).

A investigação aprofundou-se quando recebeu um convite de Francisco José Viegas para escrever um artigo sobre a ligação entre o heavy metal e a literatura, na revista "Ler". Nessa publicação, abordou casos como os do tema dos Metallica, 'For Whom The Bells Toll' (1991), que se inspira no livro "Por Quem os Sinos Dobram" (1940), de Ernest Hemningway, "não só na letra mas também na dinâmica da música, que no final tenta emular o som das bombas a caírem."

Em gerações mais recentes, Ricardo S. Amorim destaca o exemplo dos Mastodon, cujo segundo álbum, "Leviathan" (2004), cita o clássico "Moby Dick" (1851), de Herman Melville, como inspiração. "Muitos miúdos nos Estados Unidos foram ler o 'Moby Dick' por causa dos Mastodon. Tal como eu talvez não tivesse ido ler Hemingway se não fosse a música dos Metallica a puxar-me", ilustra.

"Culto Eléctrico" é apresentado esta sexta-feira, dia 3, na FNAC do Colombo, em Lisboa, com participação de Fernando Ribeiro (Moonspell)

Com a série de crónicas publicadas na "Loud", Ricardo S. Amorim decidiu publicar "Culto Eléctrico", um livro de capa dura e 250 páginas que reúne esses textos e ilustrações da autoria de Pedro Sousa e Silva, retratando vários músicos mas também escritores "totalmente rock and roll" como Charles Bukowski.

O espírito do livro, diz, "não é académico nem pretensioso, mas sim ligeiro." Nesta obra, o escritor quer chamar a atenção para estas ligações "como quem partilhava cassetes com os amigos, ou lhes emprestava livros."

Além dos artistas de heavy metal, são referidos outros músicos, como os Stooges, "grandes pioneiros da música que ouvimos hoje", ou Mark Lanegan, o músico norte-americano desaparecido no início deste ano, autor ele próprio de duas biografias. No que toca a música portuguesa, os Mão Morta são abordados, através do seu álbum "Pesadelo em Peluche" (2010), inspirado no livro "A Feira de Atrocidades", de J. G. Ballard (1970). Adolfo Luxúria Canibal, vocalista e letrista da banda de Braga, contribui também com um artigo neste livro, que refere ainda músicos como Pink Floyd, Jimi Hendrix e Cream e escritores como Luke Rhinehart ou William S. Burroughs.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: LIPereira@blitz.impresa.pt

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