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Ricky Gervais acusado de ser transfóbico por causa de piadas em novo especial na Netflix

Ricky Gervais acusado de ser transfóbico por causa de piadas em novo especial na Netflix
Instagram RG

O humorista britânico tem um novo especial na Netflix no qual distingue as mulheres “à moda antiga, que têm útero” das que têm “barba e pénis”. Essa e outras tiradas causaram revolta junto de associações LGBTQ+. Também o músico e produtor Steve Albini se pronunciou, considerando Gervais “um burro preconceituoso”

Ricky Gervais, o humorista inglês conhecido por séries como "The Office", "Extras" ou "After Life", apresentou um novo especial na Netflix, de título "SuperNature". O espetáculo de 'stand-up' comedy está a causar polémica, valendo ao britânico acusações de transfobia.

No seu novo programa, Ricky Gervais refere-se "às mulheres à moda antiga, aquelas que têm útero. Esses dinossauros", distinguindo-as das "novas mulheres. As que têm barba e pénis. Adoro-as, são ótimas. E agora as mulheres à moda antiga dizem: 'As [novas] mulheres querem usar as nossas casas de banho. As casas de banho para senhora. Claro, elas são mulheres — olhem para os seus pronomes! Porque é que esta pessoa não é uma senhora? Bem, porque tem um pénis", argumenta, imaginando a resposta a este argumento: "Seu preconceituoso!" Segundo a revista "Variety", Ricky Gervais completa: "E se essa senhora te violar?"

Segundo o "Consequence of Sound", Ricky Gervais garante que, "na vida real", apoia os direitos dos transexuais. "Apoio todos os direitos humanos, e os direitos dos transexuais são direitos humanos. Vivam a vossa vida ao máximo. Usem os vossos pronomes. Sejam do género que sentem que são. Mas deem-me um desconto, senhoras. Esqueçam lá a p*la, é só isso."

As reações não se fizeram esperar, com o grupo de defesa das pessoas LGBTQ, GLAAD, a acusar Ricky Gervais de ter feito um especial "cheio de perigosas tiradas contra os transexuais, disfarçadas de piadas. Também divulga retórica contra os homossexuais e divulga informação errada sobre o HIV", escrevem, lamentando que a Netflix dê palco a estes "supostos humoristas que espalham o ódio em vez do humor".

Ainda mais contundente foi Steve Albini, mítico produtor rock e membro dos Shellac, que diz não ter visto o programa mas já saber que "é uma porcaria. Já vi coisas do género e já conheço a piada. Eles só têm uma piada. Os humoristas que mandam os transexuais abaixo têm conquistado um público do qual eu não quero fazer parte."

"Eu até gostava do Ricky Gervais", escreve o músico norte-americano. "A sua comédia sugeria que ele não gostava daquela parte de si que era grosseira e egoísta. A sua interpretação de um palerma fazia parte da sua comédia", diz.

Para o homem que trabalhou com Nirvana ou PJ Harvey, Ricky Gervais e outros humoristas "esqueceram-se que já ninguém gosta deles. O Ricky Gervais aprendeu a fazer as pessoas grunhir e a certa altura passou a ser esse o seu objetivo. Em alguns círculos iluminados, a melhor forma de pôr as pessoas a grunhir é ser um burro preconceituoso."

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