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Os últimos dias de Taylor Hawkins dos Foo Fighters. “Ele disse-me que não aguentava mais fazer isto”, revela Matt Cameron dos Pearl Jam

Taylor Hawkins, baterista dos Foo Fighters
Taylor Hawkins, baterista dos Foo Fighters
Getty Images

A revista “Rolling Stone” publicou uma longa investigação sobre os últimos dias de Taylor Hawkins, o baterista dos Foo Fighters que morreu em março aos 50 anos. Segundo vários amigos do músico, incluindo Matt Cameron, dos Pearl Jam, e Chad Smith, dos Red Hot Chili Peppers, Hawkins já tinha dito a Dave Grohl que não conseguia dar tantos concertos. Os representantes da banda negam que essa conversa tenha acontecido

Quase dois meses após a morte de Taylor Hawkins, baterista dos Foo Fighters, a revista "Rolling Stone" publica uma investigação sobre os últimos dias do músico norte-americano e o que poderá ter levado à sua morte. Recorde-se que, até agora, a causa do óbito não foi revelada, tendo-se apenas divulgado os resultados de um exame toxicológico feito na Colômbia, que acusaram a presença no sangue de marijuana, antidepressivos e opióides, entre outras substâncias.

Para este trabalho, a "Rolling Stone" entrevistou 20 amigos de Taylor Hawkins e apurou que o baterista se vinha queixando das exigências físicas de dar largas dezenas de concertos por ano, cada um com cerca de três horas. A família do baterista recusou tecer comentários e os companheiros de banda também não quiseram prestar depoimentos; porém, um representante dos Foo Fighters desmentiu que Taylor Hawkins tivesse feito essas queixas.

Um dos amigos de Taylor Hawkins que a "Rolling Stone" ouviu, e que aceitou ser identificado, foi Matt Cameron, baterista dos Pearl Jam (e ex-Soundgarden).

"Ele teve uma conversa a sós com o Dave [Grohl]. E disse: 'não consigo fazer mais isto' — essas foram as suas palavras. Suponho que tenham chegado a algum tipo de acordo, mas depois a agenda de concertos da banda ficou ainda mais maluca." Ouvido pela mesma revista, o manager da banda, John Silva, nega que esta conversa ou outro tipo de reunião com Dave Grohl tenha acontecido.

"Sinceramente, acho que ele estava cansado. Cansado disto tudo", afirmou por seu turno Sass Jordan, amiga do baterista, com outros companheiros dizendo que o facto de Taylor Hawkins ter tido uma conversa com o vocalista dos Foo Fighters "foi libertador para ele. Foi preciso ter tomates para o fazer. Demorou um ano para ganhar coragem."

A verdade é que Taylor Hawkins continuou a tocar com os Foo Fighters, decisão que Matt Cameron atribuiu ao facto de o músico não querer deixar ficar mal nenhuma das pessoas que vivem do 'negócio' Foo Fighters. "Uma banda daquelas é uma grande máquina, que dá de comer a muita gente. Quando uma banda é assim tão grande, traz pressão associada, como qualquer negócio", lembra. "Ele tentou fazer de tudo para aguentar. E, no final, não conseguiu aguentar mais."

O mal-estar de Taylor Hawkins ter-se-á agravado em dezembro, quando o baterista terá desmaiado num avião a bordo do qual a banda viajava para Chicago, nos Estados Unidos. Na altura, as notícias deram conta do sucedido, identificando-o apenas como "um membro dos Foo Fighters". Mas agora, vários amigos, como Chad Smith, dos Red Hot Chili Peppers, garantem que se tratava de Taylor Hawlins. "Ele disse que estava exausto e desmaiou, e tiveram de lhe dar soro e tudo. Estava todo desidratado", diz o baterista dos Chili Peppers, contando que, depois do sucedido, o amigo lhe terá dito: "Não consigo fazer mais isto." Mais uma vez, esta versão da história é negada pelos representantes dos Foo Fighters.

Apesar de Taylor Hawkins ter sofrido uma overdose de heroína há mais de 20 anos, o que de resto impediu os Foo Fighters de atuarem no festival Ilha do Ermal, em Portugal, os amigos não acreditam que o músico tomasse, atualmente, drogas duras. Na altura da sua morte, foi noticiado que o seu coração pesava no mínimo 600 gramas, o que é o dobro do peso normal daquele órgão, e que como tal poderia ter falhado mesmo sem consumo de drogas.

"Desde a overdose que ele não quis que o Dave tivesse de se preocupar com isso outra vez", disse à "Rolling Stone" Chad "Yeti" Ward, técnico de bateria que trabalhou com a banda entre 2005 e 2019. No ano passado, Taylor Hawkins tinha dito à "Kerrang!" que substituíra as drogas duras pela bicicleta de montanha. E, depois do desmaio no avião, diz "Yeti", começara a andar menos de bicicleta, para não forçar tanto o coração. Este amigo e antigo colaborador do baterista garante que não faz sentido que tenham sido as drogas duras a causar a morte de Taylor Hawkins: "Era dia de concerto e ele tocava sempre sóbrio."

A "Rolling Stone" termina o artigo escrevendo que falou com Chad Smith, baterista dos Red Hot Chili Peppers, poucas semanas depois da morte do seu amigo, mas que o músico "chorava tanto que mal conseguia falar." Smith acabou porém por dizer: "As melhores pessoas parece que brilham demais. Acredito que a nossa essência e o nosso espírito vão para algum lado. Sei que parece uma conversa new age, mas dá-me conforto pensar que ele está a olhar pela sua família e pelos seus amigos que o amam. Está a emanar a sua luz noutro lado qualquer."

Na sequência da morte de Taylor Hawkins, os Foo Fighters cancelaram a sua digressão, que incluía um concerto no Rock in Rio Lisboa. Foram substituídos no cartaz pelos ingleses Muse.

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