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Sónar Lisboa. O festão de aniversário de Pongo teve ‘Wegue Wegue’ e batalha de dança

Com novo álbum para apresentar e em noite de celebração, Pongo arrasou o palco do Pavilhão Carlos Lopes com um concerto incendiário, deixando à vista de todos não só as potencialidades da sua voz como uma incontestável aptidão para enfeitiçar plateias

Sónar Lisboa. O festão de aniversário de Pongo teve ‘Wegue Wegue’ e batalha de dança

Rita Carmo

Fotojornalista

Portugal conheceu Pongo quando, com apenas 16 anos, deu voz a ‘Kalemba (Wegue Wegue)’, sucesso maior dos Buraka Som Sistema. Hoje, aos 30 anos, a cantora angolana afirma-se, dentro e fora de fronteiras, com um olho clínico para canções que entram na cabeça e já de lá não saem e uma voz que comanda plateias como quem encanta serpentes. Vinda de uma digressão com os britânicos Metronomy, aterrou no palco do Sónar Lisboa para apresentar as canções de “Sakidila”, o novíssimo álbum, mas também para mostrar que tem energia para dar e vender. “Vocês sabem uma coisa? Eu estou doente, mas estou bem e feliz”, confessou, quase no início do concerto e ainda antes de revelar que era o dia do seu trigésimo aniversário. A festa foi de arromba.

Abrindo em força com o estonteante grito de afirmação ‘Quem Manda no Mic’, Pongo mostrou cedo que não vinha para brincar em serviço. A atenção ao pormenor, a voz sempre no ponto e um ânimo inesgotável transformaram a sua atuação num verdadeiro festim de emoções. “Lisboa, vocês estão prontos para o kuduro?”, questionou, momentos depois de suavizar a voz em ‘Hey Linda’, efervescente hino ao amor próprio que abre “Sakidila”. O público podia até não estar pronto, mas esmerou-se para tentar corresponder à dança frenética com que a artista coloriu o kuduro futurista de ‘Tambulaya’ e ‘Baia’, temas recuperados ao disco que editou em 2019. Sempre provocadora, foi instigando a plateia a acompanhá-la: “Está tudo bem, Lisboa? Está mesmo tudo bem? Vamos embora!” era o grito de ordem.

A brisa tropical de ‘Canto’ e o gingar de ‘Doudou’ (“podem tarraxar”) colocaram alguma água na fervura, mas rapidamente Pongo voltou a agitar as hostes com uma sequência de tirar o fôlego: arrancou com uma contundente ‘Começa’ (“começa que eu te acabo” foi ordem entoada com fervor), seguiu com a nova versão de ‘Wegue Wegue’ (puxando duas ‘moças’ do público para a ajudar com a coreografia) e terminou, nos píncaros, com a explosão de ‘Bruxos’, canção que, no ano passado, abriu este novo capítulo de “Sakidila”. Depois de um “Obrigado, Lisboa. Até já”, regressou ao palco com energia redobrada para o esforço final, com uma intensa ‘Amaduro’ e o estrondo de ‘Uwa’, servida em modo “batalha de dança” bem no meio da plateia. “Foi um grande, enorme, sem tamanho, prazer estar aqui com vocês no dia dos meus 30 anos”, agradeceu, dando como finalizada uma hora de suor e fogo nos pés na qual deixou bem assente que é, hoje, um diamante bem polido e está pronta para conquistar o mundo.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: MRVieira@blitz.impresa.pt

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