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Sónar Lisboa. O choque de IAMDDB foi real: ‘mosh pit’, decibéis lá no alto e muita música nova

IAMDDB transformou o Pavilhão Carlos Lopes num verdadeiro campo de batalha, mostrando que a música que está para vir vai mostrar uma faceta mais aguerrida da sua criatividade

Sónar Lisboa. O choque de IAMDDB foi real: ‘mosh pit’, decibéis lá no alto e muita música nova

Rita Carmo

Fotojornalista

O aviso que IAMDDB deixou em entrevista à BLITZ era mesmo para ser levado a sério. A artista nascida em Lisboa, filha de pais angolanos, mas a viver em Manchester desde criança revelou que a música nova em que tem andado a trabalhar pode surpreender os mais desprevenidos: “Os meus fãs vão ficar chocados com aquilo que eu vou explorar”, garantiu. Quem chegou ontem ao Pavilhão Carlos Lopes para assistir ao seu concerto no Sónar Lisboa e já a tinha visto em palco antes provavelmente não estaria preparado para abrir um mosh pit e resistir a 45 minutos de decibéis debitados em intensidade alta, mas foi precisamente isso que fez. Abrindo a performance com o R&B em lume brando de ‘XOX’ e ‘Pause’, DDB rapidamente girou a agulha para as descargas agressivas dos novos temas. “Lisboa. Voltei! Como se sentem hoje? Estão a sentir-se bem? É dessa energia que vamos precisar!”. De aí em diante, a exigência só escalou.

Ainda com um pé no passado, sacou dos seus galões de MC exímia com ‘Drippy’ e, depois, vendo que Lisboa estava “um bocadinho envergonhada”, voltou a insistir: “agora é a vossa vez de cantar”. A reação foi efusiva. Até porque a canção em causa era ‘Shade’, aquela que centrou as atenções em si no ano de 2017. “Sónar, vou tocar música nova e vocês vão cantar comigo. Vão, vão. Prometo-vos!”. O que se seguiu foi uma lição de drill, com muita “shit” e muitas “bitches” à mistura. A agressividade latente transbordou do palco para a plateia, apesar de, segundo a artista, ainda só estarem “prontos a 30%”... Nada que um bom incentivo não resolvesse. “Quero ouvir-vos mais alto. Não me irritem: abram um mosh pit agora!”. Se resultou? Resultou.

Seguiu-se uma canção que diz ter escrito para “todos os que têm pessoas a dizer mal de vocês na internet”, banhada a luzes dramáticas e relampejantes. E depois, um brinde. “Quero agradecer ao festival por nos receber e ao universo pela experiência que estamos a partilhar hoje”, atirou, antes de mergulhar num momento de reggae apocalíptico e suavizar a entrega cantando, em modo sedução, “the sun shines on my face”. A acalmia, contudo, não durou muito e, momentos mais tarde, exigiu novamente um mosh pit, “porque esta é uma loucura”. Em modo de guerrilha, saiu e regressou ao palco com tempo para mais dois temas. “Obrigado pelo vosso fogo”, agradeceu, antes de encerrar com novo grito de ordem. Que a IAMDDB de 2022 não é exatamente aquela que Lisboa já tinha conhecido ficou ponto assente, resta agora saber com que linhas se coserá o seu futuro.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: MRVieira@blitz.impresa.pt

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