8 março 2020 16:08
É ilegal morrer e ser enterrado em Longyearbyen, a principal cidade de Svalbard. A morte também lhes acontece mas se a primeira proibição de funerais foi motivada pelo facto de estar demasiado frio e os corpos conservarem vivos os vírus de algumas doenças funestas, hoje é o degelo das outrora inamovíveis camadas geladas do subsolo que faz revolver a terra e reaparecer caixões já perto do mar. O recuo da neve é rápido e impiedoso. “Não venham para cá morrer” já foi uma espécie de lema desta que é a última cidade do hemisfério norte servida por um aeroporto, mas não era muito politicamente correto e retirou-se das chávenas, dos blocos de notas, dos ímanes para o frigorífico que se vendem nas lojas de recordações.
Parece o começo da história de uma cidade da qual os humanos já deveriam ter desistido há muito mas Longyearbyen, no círculo ártico da Noruega, com pouco mais de 2100 habitantes, é funcional e até atarefada, considerando que só há duas ruas principais e umas seis perpendiculares. “Onde as ruas não têm nome” foi o slogan publicitário que substituiu o outro. Aqui há turismo, duas creches, pleno emprego, cinema, lojas de roupa, vários hotéis e a universidade de estudos ambientais e polares. E há o Silo Mundial de Sementes, ou Global Seed Vault, um armazém escavado por debaixo de um solo onde nada verde vinga e que guarda réplicas de grande parte da fecundidade comestível do planeta. Em caso de catástrofe mundial, é a partir das sementes aqui guardadas que a Terra pode ser replantada.
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