Dois sinais de alerta no Atlântico Sul, com consequências em todo o planeta, têm despertado a atenção de cientistas e foram sentidos na Argentina e no Chile: o gelo marinho da Antártida diminuiu numa proporção inédita, enquanto argentinos e chilenos experimentam as temperaturas mais altas da história para esta época do ano, quando costumeiramente boa parte dos dois países estão cobertos pela neve.
No verão austral, todos os anos, uma parte do gelo marinho da Antártida diminui, mas tende a recuperar, no inverno, o tamanho original, numa oscilação natural medida pelos cientistas desde 1979. O nível mínimo regista-se em fevereiro, enquanto o máximo é atingido em outubro.
Este ano, o degelo acendeu um alarme global: o gelo marinho da Antártida encolheu o equivalente a todo o território da Argentina, o oitavo maior país do mundo.
“Sim, é um sinal de alarme, mas ainda não podemos afirmar que seja uma tendência irreversível. Não é a primeira vez que temos perda da extensão de gelo marinho durante um ano, mas é a primeira vez que acontece em dois anos consecutivos. E essa perda é maior na Península Antártica (extensão da Cordilheira dos Andes) e do lado Ocidental”, explica ao Expresso Sebastián Marinsek, chefe do Departamento de Glaciologia do Instituto Antártico Argentino.
“As causas para esse degelo ainda não são conclusivas, podendo ser correntes marinhas mais cálidas, mas seguramente uma percentagem dessa perda será consequência do aquecimento da atmosfera, devido às alterações climáticas”, acredita Marinsek.
Este é um ano “El Niño”, um fenómeno que, a cada quatro anos, eleva a temperatura da superfície do Pacífico tropical central e oriental. Atualmente, as temperaturas do Pacífico central estão 1ºC acima da média.
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