Conheça os lugares com mais risco de ondas de calor extremas: o Afeganistão lidera a lista, mas a Europa preocupa cientistas
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Um novo estudo da revista Nature revela que há certos países e regiões que serão mais afetados pela nova onda de calor que tem vindo a aumentar, e poderá atingir níveis cada vez mais altos e perigosos
Com a previsão das ondas de calor poderem vir a triplicar em todo o mundo nas próximas décadas, conseguimos agora, mais do que nunca, ver as consequências desta crise climática. Vários cientistas analisaram dados da temperatura média, tal como modelos climáticos que abrangem em média os próximos 60 anos, usando-os quer para calcular a possibilidade de se verificarem fenómenos de calor intenso, como para prever os sítios onde estes podem ocorrer.
Na sequência destas previsões, Afeganistão, Nova Guiné e a América Central – incluindo Guatemala, Honduras e Nicarágua - surgiram como os principais alvos das ondas de calor intensas.
A situação mais grave poderá ocorrer no Afeganistão, disse o professor, não só devido a um elevado risco de calor nunca antes visto, como pelas grandes dificuldades económicas e sociais que atingem o país. Aliando a isto o constante crescimento populacional e a falta de recursos, o Afeganistão será, sem dúvida, um dos países mais afetados pelas alterações climáticas extremas.
“Quando as ondas de calor extremas finalmente chegarem, instantaneamente haverá muitos problemas”, afirmou Dan Mitchell.
E serão múltiplas as consequências destas ondas de calor. A qualidade do ar vai piorar, também a seca irá agravar-se, o calor intenso conduzirá a um aumento do risco de incêndios florestais, e de danos em infraestruturas como pontes, entre outras.
Os seres humanos também estão em risco, o calor terá um grande impacto na saúde. As temperaturas extremas podem provocar insolação, dores de cabeça e tonturas, segundo o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças americano. O aumento súbito da temperatura corporal pode deixar sequelas que podem ser permanentes, ou mesmo ter consequências fatais.
Várias regiões do globo já começaram a ser fustigadas pelo aumento das temperaturas este ano. Na Argentina, foi registado um aumento de cerca de 18 graus acima do normal, tal como na Ásia e na Europa.
“As ondas de calor e outros eventos climáticos vão tornar-se cada vez mais intensos à medida que o mundo continua a queimar combustíveis fosseis”, diz Friederike Otto, cientista climático da Instituição Grantham, que não esteve envolvido no estudo.
E não há no mundo nenhum lugar seguro, refere a publicação científica. Entre 1959 e 2021, cerca de 30% das regiões avaliadas registaram ondas de calor fora do normal. Isto inclui o incêndio ocorrido no Canadá em 2021, onde se registaram temperaturas extremas, que mataram centenas de pessoas. O mesmo se verificou em várias regiões da Europa, que de acordo com o estudo, também enfrenta um alto risco.
Um homem afasta-se com os seus animais de um incêndio que avançava a 2 de agosto de 2021 em Mugla, distrito de Marmaris. A Turquia foi assolada por uma semana de violentos incêndios, depois de uma onda de calor intenso que atingiu o sudeste da Europa
YASIN AKGUL
O principal objetivo do estudo é alertar os vários governos para que se preparem, usando ferramentas como centros de arrefecimento e redução do tempo de exposição de pessoas que trabalhem ao ar livre. Existem muitas maneiras de criar medidas de prevenção para salvar vidas, diz o cientista Friederike Otto, “preparar planos para controlar as ondas de calor, garantindo e testando as suas implementações, informar o público das ondas iminentes, e proteger os mais vulneráveis às ondas de calor”.
Texto de Catarina Lopes, editado por Cristina Pombo.