Estados Unidos, Canadá, Austrália e Reino Unido ficaram milhares de milhões de euros aquém da meta de financiamento climático — um apoio que devem pagar aos países em desenvolvimento, como forma de responsabilização pela crise climática, indica uma análise publicada esta segunda-feira pelo Carbon Brief, um site dedicado à ciência e políticas climáticas.
Na 15.ª conferência das Nações Unidas sobre alterações climáticas, em 2009, os países ricos e poluentes comprometeram-se a fornecer um total de 100 mil milhões de euros, por ano, até 2020. Mas esta “parte justa” do financiamento não foi cumprida. Os EUA, por exemplo, “são responsáveis por 52% das emissões históricas enviadas para a atmosfera” mas só forneceram €7 mil milhões num total de quase 40 mil milhões, denuncia o Carbon Brief.
Outras nações desenvolvidas e industrializadas — legalmente obrigadas a conceder financiamento sob os termos da convenção climática da ONU — como a Austrália e o Canadá, forneceram apenas cerca de um terço do financiamento suposto. Já o Reino Unido deu três quartos, ainda assim ficou a dever 1,4 mil milhões de euros. Portugal também falhou a meta: forneceu 70% do financiamento mas ficou 100 milhões de euros aquém do estipulado.
Por outro lado, “a Alemanha, a França e o Japão deram proporcionalmente mais do que a sua contribuição para o aquecimento global. Ao contrário de outros, porém, grande parte do seu financiamento foi sob a forma de empréstimos e não de doações”, detalha o Carbon Brief na sua página oficial. Também a compensação da Suíça foi quatro vezes superior e a da Noruega, mais de três vezes superior.
A compensação de “perdas e danos” aos países mais afetados pelas alterações climáticas será um ponto-chave da 27.ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP27), que começou este domingo e decorre até 18 de novembro, na estância turística de Sharm-el-Sheik, no Egito.
Já na quinta-feira o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, alertou para a necessidade “de um aumento global do investimento na adaptação para salvar milhões de vidas da carnificina climática”. É expectável que, na COP27, as nações mais vulneráveis exijam justiça climática e indemnizações para ajudar a mitigar os efeitos da crise potenciada pelos mais ricos.
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