O aquecimento global e consequente derretimento das calotas polares estão a afetar a rotação da Terra e a interferir na precisão da contagem do tempo. A descoberta está patente num artigo publicado na quarta-feira, na revista “Nature”. Compreender este efeito implica saber que, numa sociedade altamente tecnológica, milésimas de segundo podem provocar grandes disrupções no funcionamento de tecnologia dependente de GPS. Foi precisamente por esse motivo que, há mais de 50 anos, autoridades do mundo inteiro resolveram aplicar o conceito de “segundo bissexto”, atendendo às ligeiras mudanças na rotação da Terra.
Os autores do estudo revelam que o cálculo do tempo pode vir a complicar-se e que, dentro de apenas alguns anos, poderá ser necessário inserir um “segundo bissexto negativo” (subtrair um segundo) no calendário para sincronizar a rotação do planeta com o tempo universal coordenado, expõe o jornal “The Washington Post”.
"O aquecimento global atingiu o ponto em que os seus efeitos estão a manifestar-se na forma como a Terra gira", escreve, em esclarecimentos enviados ao Expresso, Duncan Agnew, o geofísico da Universidade da Califórnia, em San Diego, que liderou o estudo. “Esta mudança na rotação nunca foi vista antes, e isto sublinha novamente que vivemos numa época em que mudanças sem precedentes estão a acontecer.”
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