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Três escolas de gestão portuguesas no ranking internacional de impacto social e ambiental

Três escolas de gestão portuguesas no ranking internacional de impacto social e ambiental

Iscte, ISEG e Nova são três escolas portuguesas que este ano aparecem no ranking Positive Impact Rating, uma publicação que hierarquiza as escolas de economia e gestão em função do seu impacto social e ambiental. Este ranking foi feito com base num inquérito com mais de 12 mil respostas de alunos. O ISEG participou pela primeira vez e o Iscte aparece como um dos “case studies”

O Positive Impact Rating (PIR) é uma classificação que foi desenvolvida pela Positive Impact Rating Association (PIRA), que é uma organização sem fins lucrativos composta por escolas de negócios e outras instituições educacionais. É uma iniciativa que visa avaliar o impacto social e ambiental das escolas de gestão.

Na edição deste ano, a quarta deste que existe este indicador, participaram 71 escolas de negócios localizadas em cinco continentes e 25 países, donde vieram um total de 12.836 respostas de alunos que serviram para fazer o ranking. Os estudantes de cada escola são desafiados a responder a um questionário que avalia as escolas em três dimensões (Energizing, Educating e Engaging), através de sete impactos a nível da governança, cultura, programas, métodos de aprendizagem, suporte dado aos alunos, o exemplo dado pela instituição e ainda o compromisso público da escola.

Portugal fez-se representar este ano por três escolas: o Iscte Business School, o ISEG Lisbon School of Economics & Management, Portugal e a Nova School of Business and Economics, sendo que as três aparecem classificadas no nível 4, o segundo melhor nível numa escala de 1 a 5.

Com base nas respostas dos alunos, é construído um índice, o PRI que, numa escala de 0 a 10, atingiu os 7,7 pontos em 2023 em termos de média das 71 escolas avaliadas neste ranking.

No nível 4, onde estão as três escolas portuguesas, aparecem todas as escolas com um PRI entre 7,4 e 8,7 pontos, sendo que no nível 5 estão aquelas com melhor impacto social e ambiental, com um PRI de 8,8 a 10. As escolas que estão no nível 4, patamar onde estão o Iscte, o ISEG e a Nova são apelidadas de “escolas transformadoras”, ou seja, escolas de gestão que possuem uma cultura de impacto positivo incorporada na sua cultura, na sua gestão e nos seus programas. Nesta categoria estão outras escolas conhecida a nível internacional, como a ESADE Business School (Espanha) ou a Imperial College Business School (Reino Unido). Veja aqui o ranking completo.

A Positive Impact Rating Association explica que não divulga as escolas que ficaram com pior classificação, nos níveis 1 e 2, para evitar publicidade negativa dessas instituições que poderão ainda estar a fazer um esforço e a prepararem-se para dar um salto para os níveis seguintes. Aliás, quase metade (49%) das escolas que participaram neste inquérito dizem que o fizeram com o objetivo de perceber onde é que podem melhorar as práticas sociais e ambientais, 23% das escolas dizem usar o PRI para compreender as expetativas dos seus alunos e 20% refere que usam este ranking sobretudo para comunicar e publicitar os impactos positivos gerados pela instituição de ensino.

Nova School of Business and Economics

ISEG estreia-se e Iscte é um “case study

O ISEG - Lisbon School of Economics & Management diz que participou pela primeira vez neste inquérito, conseguindo entrar diretamente para o nível 4, dos 5 possíveis, classificando-se como “escola transformadora”.

Num comunicado enviado ao Expresso SER, Winnie Picoto, vice-presidente do ISEG com o pelouro da Sustentabilidade, refere esta posição “reflete o empenho do ISEG em contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e desenvolvida. Esta contribuição passa obrigatoriamente pela inclusão do tema da sustentabilidade no ensino, na investigação, na gestão diária do campus e na relação com os parceiros e a sociedade. Continuaremos a trabalhar afincadamente para podermos entrar, a breve trecho, no grupo de escolas pioneiras [nível 5] nesta temática”.

O Iscte Business School também está no nível 4 do PRI, juntamente com mais 38 escolas, e na edição deste ano este relatório da Positive Impact Rating Association destaca a escola portuguesa como um dos “case studies” em termos de boas práticas no capítulo de governance. A escola tem vindo a melhorar a sua pontuação nos PRI, ano após ano, e um dos exemplos dados é o da cadeira ‘Ethics, Corporate Responsibility and Sustainability’, onde se transmite aos estudantes os principais conceitos de sustentabilidade. O relatório elogia ainda um projeto dos alunos com impacto na comunidade chamado ‘Fruta à Moda Antiga’, que basicamente é um programa para ajudar a evitar o desperdício alimentar, recolhendo fruta no retalho alimentar que doutra forma iria para o lixo, e as frutas são depois cozinhadas por pessoas idosas que estão em instituições socias e que transformam essa fruta em “comida deliciosa”.

“Estes são excelentes resultados porque representam o reconhecimento dos estudantes em relação ao trabalho diariamente desenvolvido pelo corpo docente e não docente da Iscte Business School”, afirma Maria João Cortinhal, Dean da Iscte Business School, num comunicado enviado ao Expresso SER. “É a terceira vez consecutiva que conquistamos uma avaliação integrada no quarto nível, o que nos incentiva a continuar a apostar na qualidade das nossas formações de forma a valorizar cada vez mais o currículo dos nossos alunos”.

Um dos desafios que o Positive Impact Rating lançou aos alunos neste inquérito é dizer às suas escolas o que devem fazer e não fazer para aumentarem o seu impacto social e ambiental. Das respostas a nível global dadas por cerca de 6 mil alunos, o relatório sistematiza cinco coisas que as escolas devem deixar de fazer e cinco coisas que devem começar a fazer.

O que a minha escola deve parar de fazer?

1. Acabar com o desperdício no campus (plástico, papéis de exame, luzes acesas à noite, ar condicionado muito baixo, garrafas de água e comida não saudável).

2. Parar de ignorar os alunos (“precisamos de apoio e temos energia para mudar as coisas”).

3. Parar de descurar a diversidade e a justiça.

4. Parar o “greenwashing” e parar com as parcerias menos éticas com os negócios (investimento, speakers convidados, visitas de empresas).

5. Parar de sobrecarregar os alunos (“a carga de trabalho e dos processos administrativos são excessivos”).

O que a minha escola deve começar a fazer?

1. Integrar a sustentabilidade nos currículos e torná-la obrigatória.

2. Atacar os problemas práticos.

3. Integrar os “stakeholders” da sociedade e das empresas no processo de aprendizagem.

4. Inovar nos métodos de ensino.

5. Garantir que os professores têm a mente aberta e estão comprometidos com o tópico que ensinam.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

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