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Galp é a única portuguesa no índice europeu de igualdade de género. Mas tem poucas mulheres na administração

Paula Amorim, presidente do conselho de administração da Galp.
Paula Amorim, presidente do conselho de administração da Galp.
João Silva

A Euronext, plataforma que integra a Bolsa de Lisboa, criou um novo índice que agrega 100 grandes empresas europeias que cumprem critérios relacionados com a igualdade entre homens e mulheres. A Galp é a única empresa portuguesa no índice, apesar de neste momento ter menos de um terço de mulheres na administração

Chama-se “Euronext Equileap Gender Equality Eurozone 100” e é um novo índice que agrega empresas com boas práticas no que respeita à igualdade de género. A Euronext, mercado de capitais que integra bolsas como a de Paris, Amesterdão, Dublin e Lisboa, afirma que a criação deste novo índice visa responder aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) nas Nações Unidas, nomeadamente o ODS 5 sobre a Igualdade de Género.

A moda do ESG (ambiente, social e governança empresarial) está a chegar de malas e bagagens ao mercado de capitais. A Euronext refere que desde 2021 já lançou mais de 30 índices ESG, que juntam no mesmo cabaz empresas com práticas sustentáveis em áreas tão diversas como biodiversidade, inclusão social ou hidrogénio. Desta vez foi a igualdade de género, num índice que junta empresas de nove diferentes geografias e 19 diferentes setores.

A bolsa pan-europeia revela que as 100 empresas que integram o novo índice foram selecionadas a partir das 300 que estão no “Euronext Eurozone 300 index” e escolhidas com base em quatro critérios relacionados com a igualdade de género: equilíbrio entre homens e mulheres na força de trabalho; práticas salariais não discriminatórias e equilíbrio entre a vida pessoal e profissional; políticas de promoção de igualdade de género; e ainda o compromisso com o “empoderamento” das mulheres.

A Galp é a única representante de Portugal neste novo índice “Euronext Equileap Gender Equality Eurozone 100”. No seu Plano para a Igualdade para 2023, a petrolífera afirma que tem como objetivo “reduzir o pay gap entre géneros, atingindo um rácio entre salários médios anuais entre homens e mulheres de 1”. No final do ano passado o rácio do salário base entre os trabalhadores a nível executivo era de 0,87 e a nível de gestão era 0,89, ou seja, por cada 1 euro que ganha um homem na Galp, a mulher ganha apenas 89 cêntimos.

No relatório, a empresa portuguesa desvenda ainda alguns números sobre a igualdade de género: 44% dos colaboradores da companhia são do sexo feminino, mas o número de mulheres em cargos de gestão de topo fica-se pelos 20%. No relatório, lê-se que “com mais de 40% dos empregados do grupo a serem mulheres, 26,3% do conselho de administração da Galp são mulheres, cumprindo a Lei n.º 62/2017. A Galp também mantém uma mulher como presidente do conselho de administração do grupo e duas administradoras não executivas. Até 2030, a Galp vai trabalhar numa convergência acelerada rumo à paridade de género em todas as posições de gestão e não gestão”.

Apesar de atualmente estar a cumprir a Lei n.º 62/2017, a petrolífera deixará de a cumprir se não incluir mais mulheres no conselho de administração. É que a lei determina, no seu artigo 5, que para as empresas cotadas em bolsa, “a proporção de pessoas de cada sexo designadas de novo para cada órgão de administração e de fiscalização de cada empresa não pode ser inferior a 20%, a partir da primeira assembleia geral eletiva após 1 de janeiro de 2018, e a 33,3%, a partir da primeira assembleia geral eletiva após 1 de janeiro de 2020”. Isto quer dizer que na próxima reunião de acionistas a empresa está obrigada a integrar mais mulheres na administração para aumentar o rácio de 26,3% para mais de 33,3%.

O conselho de administração da Galp tem atualmente 19 elementos. Só que dos 14 administradores não executivos, apenas 4 são mulheres, incluindo a presidente Paula Amorim. Dos 5 administradores executivos, só uma é mulher (Teresa Abecasis que é responsável pelo negócio comercial da Galp).

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